Em 1746 nascia Johann Heinrich Pestalozzi, um educador suíço que veio a influenciar várias gerações com suas obras e que, de certo modo, impacta a vida das pessoas até hoje. Considerado o pai da escola popular, o pedagogista talvez seja mais lembrado pela instituição que leva o seu nome: a Associação Pestalozzi, que possui unidades espalhadas por diversos locais do Brasil.
Através da obra de Pestalozzi, o professor alemão Thiago M. Wurt veio até a Terra de Santa Cruz e, em 1926, fundou a primeira associação, em Porto Alegre (RS). Em 1932, a fundação se estendeu até Belo Horizonte (MG), através da pedagoga russa Helena Antipoff. A partir de então, a Pestalozzi se propagou por todo o território nacional.
Em todos os lugares, a instituição é comumente representada por uma rosa vermelha, com caule preto contendo cinco folhas e cinco espinhos. Segundo a Federação Nacional das Associações Pestalozzi (Fenaspestalozzi), o símbolo remete a algo que pode ferir quem não sabe tocá-lo, mas gratifica quem sabe senti-lo em sua profundidade.
“Os espinhos lembram as dificuldades e os tropeços surgidos no início da vida, na tarefa educativa, no desenvolvimento da pessoa com deficiência, e que, pouco a pouco, quando o trabalho é realizado com determinação e amor, dão lugar ao perfume e a cor da vida”, diz a federação em seu site.
A Associação Pestalozzi atua na área da reabilitação de pessoas com deficiência física e intelectual, incluindo aqueles que estão dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), sobre o qual já falamos em outra matéria. Desta forma, oferece atendimentos que vão desde psicólogos até fisioterapeutas, para um público bastante amplo.
Em Palmeira dos Índios desde dezembro de 2021, a instituição possui um convênio com a Secretaria Municipal de Saúde e recebe pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), com as mais diversas patologias. Segundo a presidente executiva da Pestalozzi em Palmeira, Lourdes Melo, pessoas de cidades circunvizinhas também são atendidas no local.
“A demanda só tem aumentado. São crianças que a gente vê, não só com deficiência, mas também com crise de ansiedade, e isso é muito triste. E a gente precisa acolher essas crianças, precisa acolher esses jovens”, falou.
Indo no sentido inverso da grande demanda existente, a Pestalozzi em Palmeira conta com um déficit no número de funcionários, faltando mesmo profissionais de áreas consideradas essenciais para alguns tratamentos. Anteriormente, transmitimos o apelo de Ana Leide, cujo filho, Miguel Arthur, é atendido na associação, e informamos que o desenvolvimento dos pacientes apenas não está sendo completo em decorrência da carência existente na associação. Lourdes Melo confirma que há uma falta de servidores.
“Nós temos um quadro, que é a equipe multidisciplinar, só que ainda tem a carência de alguns profissionais, a exemplo do enfermeiro, da fonoaudióloga, da terapeuta ocupacional… profissionais esses que são imprescindíveis”, explicou a presidente.
Atualmente, a associação conta com 12 colaboradores. Apesar do baixo contingente, Melo garante que a equipe se envolve bastante nas atividades, fazendo com que os atendimentos possam ser realizados. Além disso, Lourdes afirmou que a associação vem buscando cada vez mais parcerias e acordos com os colaboradores, para que o máximo de demanda possível seja atendida.
Por causa da demanda muito grande e da baixa quantidade de profissionais, é possível pensar que conseguir alguma vaga no local é algo praticamente impossível, mas a situação não é bem essa. Embora exista realmente uma dificuldade nesse âmbito, são tomadas algumas medidas para que aqueles que realmente necessitam sejam atendidos.
“Aquelas pessoas que faltam muito, a gente entra em contato, a gente dá todo um apoio à família, através da nossa assistente social, e quando a gente vê que realmente não tem interesse, aí a gente faz a substituição por aquela pessoa que está na fila”, explicou a presidente executiva.
Recentemente, com o aumento da carga horária da psicóloga da instituição, por exemplo, também houve a abertura de novas vagas.
Segundo Lourdes, a Pestalozzi também foi beneficiada por um projeto do promotor de Justiça Márcio Dória, da 6ª Promotoria de Justiça de Palmeira dos Índios. "É o projeto MP Pró-social, onde ele ajuda instituições filantrópicas, que precisam de ajuda, que precisam de apoio; e a Pestalozzi foi uma dessas instituições felizardas, privilegiadas por esse projeto. Então eu só tenho a agradecer", contou.
Em decorrência da falta de um enfermeiro para realizar uma triagem, é preciso que os interessados em serem atendidos no local estejam em posse de um encaminhamento, para que se saiba para qual profissional o paciente será encaminhado. Além disso, também é preciso que a pessoa esteja portando as cópias do RG, do CPF, do comprovante de residência, o cartão do SUS e a versão original do encaminhamento médico.
Abaixo, veja um trecho da entrevista com a presidente Lourdes Melo e fique por dentro do que foi dito por ela.
Vídeo por Márcio Lima.
A seguir, veja mais do espaço da Pestalozzi em Palmeira dos Índios.