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A ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou, no sábado (8), que mais de 500 civis alauitas foram mortos desde a última quinta-feira (6/3) - no oeste do país - pelas forças de segurança sírias e grupos aliados, destacados para combater apoiadores do presidente deposto Bashar al-Assad.
Esta violência é a primeira desta magnitude desde a tomada do poder na Síria por uma coligação rebelde, liderada pelo grupo radical islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham, HTS, em 8 de dezembro de 2024. Os conflitos eclodiram na quinta, após vários dias de tensões na região de Latakia, reduto da minoria muçulmana alauita, de onde vem o clã Assad.
De acordo com informações da OSDH, pelo menos 532 civis alauitas, incluindo mulheres e crianças, foram “mortos pelas forças de segurança e grupos aliados”, desde então, na zona costeira do país e nas montanhas perto de Latakia.
A ONG, sediada no Reino Unido e com uma vasta rede de fontes na Síria, aponta para “execuções com base em razões confessionais ou regionais” acompanhadas de “saques de casas e propriedades”.
Esta contagem confirma a escalada da violência no oeste da Síria, em que pelo menos 745 pessoas morreram, incluindo 213 membros das forças de segurança e de grupos fiéis ao presidente deposto.
As denúncias de abusos contra civis alauitas — que a AFP não conseguiu verificar de forma independente — multiplicam-se nas redes sociais, especialmente no Facebook, por parte de familiares ou amigos das vítimas.
Uma ativista escreveu que a sua mãe e os seus irmãos tinham sido “massacrados nas suas casas”, enquanto os residentes de Banyas, na província de Tartous, mais a sul, faziam apelos urgentes por proteção.
O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, disse estar “profundamente alarmado”, apelando a todas as partes para a “moderação”, um apelo também feito por Berlim e várias capitais da região. Moscou, que acolheu o seu antigo aliado Bashar al-Assad, pediu aos líderes sírios para “pararem o banho de sangue”.
Segundo Aron Lund, do think tank Century International, a eclosão da violência testemunha a “fragilidade do governo”, cuja grande parte da autoridade “repousa em jihadistas radicais que consideram os alauitas inimigos de Deus”.
Desde que chegou ao poder, Sharaah tem tentado tranquilizar as minorias e apelou às suas forças para que mostrem moderação e evitem qualquer deriva sectária, mas esta linha não é necessariamente partilhada por todas as facções que operam sob o seu comando, e hoje formam “o exército e a polícia”, de acordo com Lund.