Gonzalo Himiob, vice-presidente da ONG Foro Penal, disse a Fernando del Rincón, da CNN, que a Venezuela está sofrendo uma repressão que “nunca foi vista antes”, pois há uma grave escalada nas detenções arbitrárias.
“[É uma] escalada repressiva que nunca foi vista no país, não desta forma. Vemos perseguição contra pessoas que se manifestam pacificamente, mas também contra pessoas que nem sequer se manifestaram”, disse Himiob à CNN.
Himiob acrescentou que das mais de 1.000 detenções confirmadas há pelo menos 100 adolescentes e várias pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade.
“Isso já aconteceu antes, mas a verdade é que o direito à defesa, de escolher uma pessoa para defendê-lo, é completamente violado. De 29 de julho até hoje [aos detidos] foi negado o contato com suas famílias ou mesmo a possibilidade de decidir sua defesa, um defensor público é imposto a eles”, disse Himiob.
Afirmou ainda que as audiências decorrem em centros de detenção, aos quais ninguém tem acesso e os juízes nem sequer comparecem pessoalmente, o que limita o devido acompanhamento dos casos.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse ontem que 2.229 pessoas que participaram nos protestos pós-eleitorais no país desde 29 de julho foram presas até agora.
Maduro insistiu que os detidos, que descreveu como “terroristas”, afetam a Venezuela e são incitados pelo principal candidato da oposição, Edmundo González, e pela líder da oposição María Corina Machado.