Foto: Luis Robayo/AFP
De acordo com o apontamento do Atlas da Violência, divulgado na última terça-feira (18), uma pessoa negra tem 23,7 vezes mais chances de ser assassinada em Alagoas do que uma pessoa não negra.
Conforme o Atlas, as regiões Norte e Nordeste aparecem como as mais violentas do país. Segundo o estudo do Fórum Brasileiro e do Ipea, no ano de 2022 a taxa de homicídios por 100 mil habitantes negros no estado de Alagoas atingiu 45,1.
Para Valdice Gomes, coordenadora do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô e integrante da Comissão Nacional dos Jornalistas pela Igualdade Racial, o racismo é um dos problemas sociais mais graves no Brasil e depende de políticas públicas direcionadas.
"Pra nós da militância negra esses dados não são surpresa. As estatísticas estão aí provando que a população negra é a mais vulnerabilizada e a mulher negra principalmente. Não existe políticas públicas voltadas na área da educação, na segurança pública, na saúde e nem na geração de emprego", afirmou a coordenadora.
Ainda segundo o Atlas, em Alagoas, a chance de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 7,1 vezes maior do que a de uma mulher não negra. Esses dados estão acima da média nacional, que é de 1,7 vezes.
O estudo indica que mulheres negras são tradicionalmente mais expostas a fatores geradores de violência, em comparação com mulheres não negras.
"A mulher sofre por ser mulher, a negra sofre por ser mulher e por ser negra. Ela sofre pela questão de classe, por estar em uma pirâmide socioeconômica onde ela é quem está na base dessa pirâmide, é ela quem menos tem renda", relatou Valdice.