A pandemia da Covid-19 gerou impactos financeiros negativos em 76% das empresas de Alagoas, segundo estudo divulgado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O levantamento analisou os impactos da pandemia na área de atuação da autarquia federal, que abrange Nordeste, Norte do Espírito Santos e o estado de Minas Gerais.
A pesquisa avaliou os impactos da pandemia a partir de cinco indicadores: impactos financeiros, impactos no mercado, impactos nos processos organizacionais e impactos no emprego e acesso à programas de apoio. Foram analisados dados gerais e também por setor.
"A pesquisa da Sudene constata, no sentido empresarial, que o enfrentamento da pandemia obrigou aos governos estaduais e prefeituras tomarem medidas restritivas de circulação e movimento que, ao inibir os setores considerados não essenciais, localizados, principalmente, nos segmentos do comércio e serviços, derrubaram o faturamento das empresas, provocando o aumento do nível de endividamento e consequente queda do lucro e da capacidade de investimento", disse o economista Cícero Péricles.
Entre as áreas de atuação da Sudene, as empresas de Alagoas (76%), Ceará (76%) e Maranhão (76%) foram as que mais sentiram os impactos negativos da pandemia.
Em relação a faturamento e receita, 76% dos gestores disseram que suas empresas sofreram impactos negativos. Mesmo com esse impacto, 7% das empresas aumentaram faturamento e receita nesse período, e 17% não tiveram nem impacto negativo e nem positivo.
Entre as empresas que informaram redução de faturamento, cerca de 38,7% das empresas perderam metade ou mais do seu faturamento neste período da pandemia, e 38,9% perderam de 26% a 50%. No setor de serviços, 38% das empresas de Alagoas perderam metade ou mais do seu faturamento.
Os dados apontaram que 74% dos gestores disseram que suas empresas sofreram impactos negativos em seu lucro. O impacto foi positivo para 5% das empresas, que tiveram aumento de lucro nesse período. Entre as que perderam lucro, 38% sofreram redução de metade ou mais do lucro, e 33%, de 26% a 50% do lucro.
Questionados sobre endividamento devido à pandemia, 41% tiveram piora no endividamento. Por outro lado, 47% das empresas não pioraram seu nível de endividamento e outras 10% diminuíram suas dívidas durante a pandemia.
Entre as empresas que contraíram mais dívidas, cerca de 40% aumentaram suas dúvidas em 50% ou mais. E 34 % tiveram aumento das dívidas entre 26% e 50%.
A pesquisa também analisou o futuro das empresas: 12% dos gestores disseram que suas empresas não serão capazes de se recuperar dos impactos da pandemia, mesmo que a longo prazo.
Cícero Péricles disse que além dos impactos financeiros, as empresas sofreram mudanças na forma de funcionar.
"Nas empresas nordestinas, o processo de mudanças internas, que vinha acontecendo de forma lenta, foi acelerado com o aumento dos processos de uso de recursos digitais e trabalho remoto. As mudanças tanto vieram para os negócios privados como para o setor público. Há uma ampliação das novas ferramentas, com a incorporação das novas tecnologias, plataformas e aplicativos, e a inserção nas mídias sociais. A transformação digital e o trabalho remoto, com a uso de novos suportes tecnológicos, estão presentes nas atividades empresariais e no setor público", disse.
O economista disse também que o cenário para o futuro ainda é de dificuldades.
"Na área econômica, a pesquisa aponta para um período ainda de dificuldade, no qual o cenário para investimentos é negativo, havendo necessidade, segundo os representares do mundo empresarial entrevistados, de reforma tributária e linhas de crédito, assim como redução nas tarifas de água e energia. A expectativa fica para o final da pandemia e o começo da retomada da economia, provavelmente a partir de 2022", disse Cícero Péricles.