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Pesquisadores do Reino Unido estão desenvolvendo uma nova ferramenta que promete transformar a forma como o câncer de próstata é identificado precocemente. Trata-se de um teste de saliva que analisa o DNA do paciente em busca de mutações genéticas associadas a um risco elevado de desenvolver a doença.
Diferentemente dos exames tradicionais, o novo teste não detecta diretamente a presença do câncer, mas mapeia 130 variantes genéticas ligadas à predisposição ao tumor. A partir desses dados, homens considerados de alto risco genético são encaminhados para exames complementares, como ressonância magnética e biópsia da próstata.
Um estudo publicado na renomada revista New England Journal of Medicine trouxe resultados animadores: entre os 10% dos homens com maior risco genético, 187 foram diagnosticados com câncer de próstata — dos quais 103 apresentavam tumores de alto risco. Notavelmente, 74 desses casos provavelmente passariam despercebidos pelos métodos convencionais de rastreamento.
A pesquisa envolveu homens entre 55 e 69 anos e aponta para uma possível revolução no rastreamento da doença. Contudo, os cientistas alertam que o teste ainda está em fase experimental e não há, até o momento, evidência de que ele reduza a mortalidade por câncer de próstata.
O novo exame surge em um cenário de debate sobre o rastreamento populacional da doença. No Reino Unido, o uso do teste de PSA (antígeno prostático específico) não é recomendado para todos os homens devido ao alto índice de falsos positivos. No Brasil, o Ministério da Saúde segue a mesma orientação, embora entidades médicas defendam a realização de exames em grupos de risco, como homens com histórico familiar ou acima dos 50 anos.
Se os resultados promissores forem confirmados por novos estudos, o teste genético de saliva poderá, no futuro, oferecer uma abordagem mais precisa, personalizada e menos invasiva na luta contra o câncer de próstata.