Terminou sem acordo a audiência entre o governo Renan Filho e o Ministério Público Federal (MPF) na ação denunciada à Justiça sobre os grampos ilegais da Secretaria de Segurança Pública (SSP/AL). A audiência foi na 4ª Vara da Justiça Federal em Alagoas. Na ação, o MPF denunciou que o Estado vem realizando grampos ilegais por servidores que não deveriam ter acesso ao conteúdo sigiloso, desrespeitando com isso o que dispõe a legislação. O objetivo da audiência era pôr um fim aos problemas constatados pelo Ministério Público, após denúncias de agentes da Polícia Civil.
O presidente do Sindpol, Ricardo Nazário, participou da audiência realizada na última quinta-feira na vara federal e destacou que a Segurança Pública de Alagoas vem sendo militarizada, sobrecarregando e atrasando as atividades que são realizadas nas delegacias. O líder da entidade apontou também que, além de o atual modelo de interceptações ser ilegal, ainda afeta a investigação da Polícia Civil. Como resultado disso, segundo ele, há milhares de inquéritos parados e mofando nas delegacias.
"São mais de dez mil inquéritos. Existe uma ferramenta crucial para polícia judiciária conduzir as investigações, porém o aparelho é utilizado por militares, dentro da Secretária de Segurança Pública", revelou Nazário, classificando como inadmissível à luz da Constituição Federal do País a postura do governo Renan Filho.
Na sequência, o presidente revelou que já foi vítima da usurpação. "Quando participei de um curso de Inteligência, há alguns anos, havia 50 policiais militares e apenas cinco policiais civis", expôs, informando que vários colegas das delegacias solicitam incansavelmente um canal à SSP para realizar a escuta telefônica, mas não obtêm sucesso. Com isso, os inquéritos e as investigações acabam sendo atrapalhadas.
* Com Gazeta Web