Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) há menos tempo no cargo, Flávio Dino completa nesta sexta-feira (22) um mês na função com a tentativa, nem sempre bem-sucedida, de sair dos holofotes a que tanto se acostumara desde que deixou a toga pela primeira vez, há dezoito anos, para se dedicar à política. A nova fase não resistiu a uma declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sobre a Polícia Federal — ex-titular da pasta responsável pela corporação, Dino voltou ao modelo anterior de atuação para respondê-lo nas redes sociais.
O ministro rebateu uma fala de Lira ao afirmar que uma investigação “bem feita” é mais eficiente no combate ao crime do que “milhares de tiros a esmo”. Na sua fala, o presidente da Câmara estava defendendo o combate ao crime organizado e afirmou que a PF “muitas vezes tenta se desviar do foco” e que “ninguém quer trocar tiro com bandido, o cara quer tocar ação que dê mídia, que não tenha resistência e que não faça força”.
Até agora, Dino já proferiu 357 decisões e participou de oito sessões no plenário do Supremo. Ao assumir a vaga que foi deixada pela ministra Rosa Weber, herdou 364 processos e já virou relator de 992. Entre esses casos está um recurso apresentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que o condenou por impulsionamento irregular de vídeos contra Lula, à época candidato, nas eleições de 2022 — que teve o pedido negado por Dino já na quinta-feira.
Relatos colhidos pelo Globo dão conta de que Dino tem mantido uma relação cordial com todos os colegas. No lugar de políticos ou aliados que o visitavam na fase política, Dino tem recebido entidades jurídicas, associações e representantes associativos. No STF, as fotos institucionais sempre são feitas dentro de sua sala, ao lado do enorme crucifixo que pendurou na estante de livros. O objeto religioso é pessoal, passou pelo Ministério da Justiça e o acompanha desde a época de governador – presente dado a ele por seu pai, Sálvio Dino.
Aos 55 anos, Dino ocupa a vaga de Rosa Weber, que se aposentou em outubro de 2023. Ele poderá ficar no STF até novembro de 2043, quando completa 75 anos, idade-limite para ministros da Corte.