— Foto: Ilustração/Secretaria de Audiovisual/PR
A Força Aérea Brasileira (FAB) enfrenta uma grave crise financeira que já compromete o funcionamento da frota e a rotina operacional da instituição. Com o bloqueio de R$ 812,2 milhões no orçamento da Aeronáutica, a FAB iniciou uma série de medidas emergenciais que incluem a paralisação de 40 aeronaves, o afastamento de 137 pilotos e a suspensão do uso de aviões em eventos públicos e missões oficiais.
As medidas constam em uma planilha interna atribuída ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e detalham ao menos nove ações para reduzir os gastos da corporação. Entre elas, estão o cancelamento de missões internacionais, a adoção de jornada reduzida nas unidades da FAB e do próprio DCTA, e a interrupção de pagamentos relacionados a operações externas.
Em nota oficial, a FAB confirmou os cortes e explicou que fazem parte de um bloqueio mais amplo imposto ao Ministério da Defesa, que totaliza R$ 2,6 bilhões. Do montante destinado à Aeronáutica, R$ 483,4 milhões referem-se a despesas discricionárias e R$ 328,8 milhões a projetos estratégicos considerados prioritários. Ainda segundo a FAB, a restrição orçamentária foi determinada a apenas sete meses do fim do exercício financeiro, o que agravou o impacto sobre as operações, atingindo desde áreas administrativas até missões essenciais.
Sem recursos até mesmo para abastecer caças de combate, como revelou o ministro da Defesa, José Múcio, nesta semana, a FAB já suspendeu voos relacionados a agendas externas e apresentações em eventos públicos. A redução de horas de voo dos pilotos e a interrupção de serviços de manutenção — incluindo reparos em motores, compra de peças e lubrificantes — também estão entre as consequências do contingenciamento.
O Comando da Aeronáutica afirmou que utilizou critérios internos para definir as atividades e projetos preservados, priorizando compromissos já assumidos. No entanto, a instituição não informou se os cortes poderão ser revistos nem como a crise poderá afetar futuras entregas previstas no calendário de aquisição de novas aeronaves.
A situação gera preocupação quanto à capacidade operacional da FAB e ao impacto no cumprimento de missões estratégicas em todo o território nacional.