Parentes de Mislan não se conformam com o acidente — Foto: Luzamir Carneiro/jgnoticias
Foi enterrado nesta sexta-feira (26) o corpo do estudante Mislan Odilon Lima dos Santos, de 15 anos, que morreu após cair de um ônibus escolar em movimento e ser atropelado. O acidente aconteceu na cidade de Joaquim Gomes, interior de Alagoas. Uma multidão acompanhou o cortejo até o Cemitério São João Batista.
Antes do enterro, um grupo de colegas de escola fez um protesto pacífico. Vestidos de preto e outros, com a farda escolar, os estudantes foram até a Escola Municipal São José, onde Mislan cursava o 9º ano, segurando cartazes com palavras de ordem e pedindo por justiça. Em seguida, o grupo se dirigiu até a Igreja Matriz de São José, se uniu ao cortejo e seguiu para o cemitério.
Os alunos reclamam da precariedade do transporte escolar do município. Segundo testemunhas, Mislan teria se encostado na porta do ônibus que estava quebrada e ela se abriu. O motorista teria alertado sobre o defeito no veículo. Ao cair, a vítima foi atropelada pelo próprio ônibus e morreu no local.
Segundo testemunhas, Mislan Odilon Lima dos Santos teria se encostado na porta do ônibus que estava quebrada e se abriu. Ao cair, a vítima foi atropelada pelo próprio ônibus e morreu no local. A Prefeitura de Joaquim Gomes disse que vai aguardar o curso das investigações e os laudos da perícia para saber qual a real causa do acidente e lamentou o ocorrido.
O Sindicato dos Servidores Públicos de Joaquim Gomes protocolou um documento em 2019 junto ao Ministério Público do Estado (MP-AL) informando sobre a situação precária dos ônibus ofertados pelo município para fazer o transporte escolar.
Nele, o sindicato informa que tomou conhecimento através de servidores sobre as irregularidades como pneus carecas, bancos rasgados, lataria enferrujada, falta de inspeção semestral, tacógrafos sem validade e também portas quebradas.
Segundo o sindicato, não houve fiscalização. Após acidente, o presidente fez um registro na Ouvidoria do MP-AL pedindo apuração das responsabilidades.
"A gente denunciou na Ouvidoria do Ministério Público esse documento que não foi investigado, não houve investigação", disse o presidente Willames da Silva.
O Ministério Público informou que antes mesmo desse documento, o órgão já havia detectado irregularidades e ajuizou uma Ação Civil Pública em 2017, que foi favorável, determinando que o então prefeito da cidade renovasse a frota de veículos. Na época, o promotor acusou o gestor de negligente por permitir que os alunos fossem transportados em veículos sem condições de uso.
Desde então, o MP vem renovando o pedido para que a sentença seja cumprida. Uma investigação está em curso para apurar as causas do acidente que vitimou o estudante. Se realmente for comprovado o descumprimento da decisão judicial por parte do Município, o gestor deverá ser responsabilizado civil e criminalmente.