Cardeais se reúnem durante procissão com o corpo do papa Francisco, em 23 de abril de 2025 — Foto: Alessandra Tarantino/AP Photo
O Conclave para a escolha do novo papa começa nesta quarta-feira (7). Conclaves curtos, encerrados em poucos dias, projetam uma imagem de unidade na Igreja Católica.
“No máximo três dias”, previu com confiança nesta semana o cardeal salvadorenho Gregorio Rosa Chavez, antes da votação secreta que ocorrerá na Capela Sistina.
A duração média dos últimos 10 conclaves foi de 3,2 dias, e nenhum durou mais de cinco. As duas últimas eleições — em 2005, quando o papa Bento XVI foi escolhido, e em 2013, quando Francisco emergiu vencedor — foram concluídas em apenas dois dias.
O conclave ocorre ao longo de quantas rodadas de votação forem necessárias até que um candidato obtenha uma maioria de dois terços, o que desencadeia a fumaça branca que anuncia ao mundo que um novo papado começou.
“Claramente, quanto mais votações há, mais difícil a situação se tornou. Mas os sinais indicam que eles querem avançar rapidamente”, disse Giovanni Vian, professor de história do cristianismo na Universidade Ca’ Foscari de Veneza.
A votação inicial, na tarde do início do conclave, frequentemente serve como uma espécie de teste informal, em que diversos nomes são amplamente mencionados.
Alguns desses votos são simbólicos, oferecidos como gestos de respeito ou amizade antes que a votação mais séria comece no dia seguinte, quando a força dos favoritos pode ser avaliada.
A partir do segundo dia, são realizadas duas votações pela manhã e duas à tarde. De acordo com as regras do conclave, se ninguém for escolhido após os três primeiros dias, os cardeais devem fazer uma “pausa de oração” de um dia antes de continuar.
Logo ficará claro se há um candidato viável à frente ou se será necessário recorrer a um nome de consenso.
"Se não tivermos um novo papa rapidamente, isso mostrará que o impulso pelos favoritos se esgotou muito rapidamente", disse o padre jesuíta e comentarista do Vaticano, Thomas Reese.
"Também reforçará o fato de que há muitos cardeais ali dentro e que eles simplesmente não se conhecem muito bem", acrescentou.
O Papa Francisco nomeou cerca de 80% dos cardeais eleitores, muitos deles em dioceses distantes, numa tentativa de fortalecer a Igreja em áreas onde antes tinha pouca presença.
Isso significa que será o primeiro conclave para a grande maioria dos participantes e que muitos dos que estarão sentados sob os famosos afrescos de Michelangelo terão tido pouca oportunidade de se conhecer previamente.
Todos os cardeais negariam fazer campanha para uma eleição que acreditam ser guiada pelo Espírito Santo. Mas, embora nenhuma discussão seja permitida durante as sessões de votação, os cardeais são livres para trocar ideias durante as refeições em Santa Marta, a residência do Vaticano onde a maioria estará hospedada.
Eleitores habilidosos podem identificar um candidato de consenso capaz de atrair votos de todos os lados, disse o historiador Vian.