Brasil tem mais de 170 mil animais abandonados sob cuidado de ONGs

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 / Publicado em 18/08/2019
A administradora Gabriela Masson e Jack, seu primeiro animal adotado; Gabriela fundou a ONG Amigos de São Francisco para cuidar de cães e gatos abandonados — Foto: Marcelo Brandt/G1

A administradora Gabriela Masson e Jack, seu primeiro animal adotado; Gabriela fundou a ONG Amigos de São Francisco para cuidar de cães e gatos abandonados — Foto: Marcelo Brandt/G1

Segundo um levantamento do Instituto Pet Brasil, mais de 170 mil animais estão sob os cuidados de 370 ONGs e grupos que atuam na área de proteção animal em todo o Brasil. Do total, 169 entidades estão no Sudeste, tutelando mais de 78 mil animais. A maior parte dos animais é formada por cachorros (96%) e apenas uma minoria, gatos (4%).

O Instituto Pet Brasil levou mais de seis meses para mapear as organizações em todo o país. As ONGs e os protetores forneceram informações sobre suas capacidades de acolhimento e o acolhimento real no momento da pesquisa.

“Nós fomos entender um pouco a dinâmica das ONGs. Animais podem estar na rua, mas não são necessariamente abandonados, pois pode ter gente que cuida deles, que dá água, que dá uma tutela pela vida deles. Assim, consideramos abandonados os que não têm ninguém. Nestes casos, as ONGs e os protetores acabam atuando para pegar esses animais”, diz Martina Campos, diretora-executiva do Instituto Pet Brasil.

Martina afirma que a grande maioria das organizações não informa o CNPJ de forma clara e se apresenta apenas em redes sociais, com poucas informações disponíveis. “Existem ONGs que se intitulam assim, mas são grupos de protetores”, diz. Por isso, o levantamento abrange tanto as organizações maiores e mais estruturadas, quanto esses grupos menores. O resultado final foi de 370 organizações mapeadas.

Com base nos dados fornecidos por estas organizações, o instituto classificou as entidades, analisou a capacidade máxima de acolhimento e chegou à estimativa de 172,1 mil animais abandonados sob tutela.

Instituto Pet Brasil estima que há mais de 170 mil cães e gatos abandonados sob tutela de ONGs e protetores em todo o país — Foto: Marcelo Brandt/G1

Instituto Pet Brasil estima que há mais de 170 mil cães e gatos abandonados sob tutela de ONGs e protetores em todo o país — Foto: Marcelo Brandt/G1

Os abrigos de médio porte, que conseguem abrigar de 101 a 500 animais e que são 48% das entidades mapeadas, se destacam por tutelar mais de 89 mil bichos. Por isso, eles são responsáveis por mais de 52% da população de pets disponíveis para adoção.

Apenas 19% das instituições conseguem abrigar mais de 500 animais, e 33% são de pequeno porte, abrigando entre 1 e 100 cães e gatos.

“É um número importante de animais abandonados. Por isso, temos que ter um olhar para esses animais”, diz Martina Campos. “Traz a reflexão da importância de ter esses espaços [das entidades de proteção animal].”

Na semana passada, inclusive, o Senado aprovou um projeto que proíbe que animais sejam juridicamente tratados como coisas. Caso a proposta, que voltará para análise da Câmara dos Deputados, seja aprovada e promulgada, eles serão considerados seres sencientes, que sentem dor e emoção e estão sujeitos a sofrimento.

Animais em situação vulnerável

País tem mais de 170 mil cães e gatos sob cuidado de ONGs e grupos de protetores — Foto: Rodrigo Cunha/G1

País tem mais de 170 mil cães e gatos sob cuidado de ONGs e grupos de protetores — Foto: Rodrigo Cunha/G1

O Pet Brasil fez uma estimativa do número de animais em condição de vulnerabilidade, ou seja, aqueles que vivem sob tutela de famílias classificadas abaixo da linha de pobreza ou que vivem nas ruas, mas recebem cuidados de pessoas. São 3,9 milhões, ou 5% da população total de pets no Brasil, que é de cerca de 140 milhões.

O número chama a atenção, já que, por conta das situações economicamente difíceis de seus tutores, estes animais podem acabar sendo abandonados.

É o caso de muitos animais resgatados pela Amigos de São Francisco. Sebastião Prado, o caseiro do sítio que serve de abrigo da ONG na região de Ibiúna, no interior de São Paulo, conta que há muitos casos de bichos que são largados na porta da propriedade ou da sua casa, possivelmente pelos próprios donos.

“Uma vez deixaram um poodle doente amarrado no portão de casa com um bilhete que dizia para a gente cuidar dele e, quando ele estivesse bom, a pessoa vinha buscar. Nem teve muito o que fazer, ele estava com cinomose em fase terminal”, diz Sebastião Prado, da ONG Amigos de São Francisco.

Em outros casos, os donos dos animais morrem ou se mudam, e os familiares, sem saber o que fazer com os animais, os abandonam ou acionam a ONG. “A gente recebe em média uns 20 pedidos de ajuda por semana”, diz Gabriela. “Tem animais que chegam para nós que já tiveram algum dono, que infelizmente foram abandonados pelos mais diversos motivos, e tem animais que estão na rua, vulneráveis.”

Martina Campos, diretora-executiva do Pet Brasil, acredita, porém, que os brasileiros estão cada vez mais maduros em relação ao cuidado e ao bem-estar dos animais. “O brasileiro é uma população que cuida de animais. Já percebemos o quanto essencial é o animal na vida da família brasileira”, diz.

“A população está cada vez mais atentando para essas informações [de bem-estar animal]. Se você quer ter um pet, seja cão, gato, peixe, você tem que saber o impacto daquilo na sua vida para cada vez mais conseguir diminuir esse número de abandono”, afirma Martina Campos, do Instituto Pet Brasil.

Apenas 4% dos animais abandonados sob cuidado de ONGs são gatos, aponta Instituto Pet Brasil — Foto: Marcelo Brandt/G1

Apenas 4% dos animais abandonados sob cuidado de ONGs são gatos, aponta Instituto Pet Brasil — Foto: Marcelo Brandt/G1

Para garantir que os pretendentes a donos dos animais tutelados pela ONG realmente saibam desses impactos, Gabriela conta que faz um processo rigoroso de adoção dos bichos que a entidade resgata.

“A gente primeiro faz o casamento do perfil de dono que o animal precisa para o perfil das pessoas que querem adotá-lo. Na entrevista com as pessoas, elas preenchem um questionário para a gente entender tudo, desde a disponibilidade da pessoa, se a família está sabendo, entre outros pontos”, diz.

Os mais procurados são os filhotes. Eles chegam, inclusive, a ter fila de espera. "Animais mais jovens ficam meses, não mais do que isso. Temos um tempo mínimo para ficar com a gente, pois precisamos vacinar, castrar, vermifugar, deixar esse animal em ordem e ter uma garantia de que ele está bem", diz Gabriela.

A administradora afirma, porém, que os mais velhos têm começado a chamar a atenção.

"Quem adota um adulto tem bastante ressalva depois em adotar um filhote, pois é uma relação que parece que, quanto mais eles viveram nas ruas ou quanto mais eles sofreram, maior é a gratidão que eles têm pela pessoa", diz Gabriela Masson.

Filhotes costumam ficar pouco tempo à espera de adoção; já adultos e animais de grande porte ou mais velhos demoram mais para achar um novo lar — Foto: Marcelo Brandt/G1

Filhotes costumam ficar pouco tempo à espera de adoção; já adultos e animais de grande porte ou mais velhos demoram mais para achar um novo lar — Foto: Marcelo Brandt/G1

Depois que esse “match” entre o animal e o dono acontece e a adoção é feita, a ONG ainda faz um acompanhamento posterior para saber se está tudo bem — tudo para garantir que a adoção seja a mais efetiva possível.

“A gente torce é que sejam muitos felizes, os donos e os animais. A gente não tirou os animais das situações mais tristes para que eles não fossem os mais felizes nas famílias”, diz Gabriela.

Mesmo assim, há casos de animais que são devolvidos. Foi o caso de Vênus, uma cadela de grande porte que passou apenas um dia na casa de uma família e acabou voltando para a ONG porque não conseguiu se adaptar com a outra cadela da casa. Por conta da dificuldade de achar um novo lar para ela e por Vênus já estar tão adaptada ao sítio, acabou virando uma “integrante permanente” da ONG.

 

 

 

 

 

Fonte: G1

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