Bolívia: Preso, general Juan José Zúñiga acusa Luis Arce de autogolpe

Por: Rádio Sampaio com Correio Braziliense
 / Publicado em 27/06/2024

Veículo blindado do Exército posicionado do lado de fora da sede do Executivo, na Plaza Murillo
(foto: Aizar Raldes/AFP)

A filmagem ganhou dimensão histórica e viralizou. Diante do Palácio Quemado, na Plaza Murillo, no coração de La Paz, o presidente da Bolívia, Luis Arce ("Lucho"), enfrentou, cara a cara, o general golpista Juan José Zúñiga, comandante do Exército. "Retire todas essas forças imediatamente, é uma ordem! É uma ordem! General, não vai me obedecer?", disse Arce, enquanto simpatizantes gritavam "O povo está com Lucho!".

Pouco antes, uma tanqueta do Exército tentou derrubar o portão da sede do Executivo. Zúñiga saiu caminhando e, horas depois, as tropas e blindados foram retirados da Plaza Murillo, enquanto a suposta tentativa de ruptura fracassava e a comunidade internacional condenava, em peso, a mobilização militar. No entanto, ao ser preso no início da noite, sem apresentar provas, o general denunciou que tudo não passou de farsa. Arce também havia acabado de juramentar uma nova cúpula militar.

"No domingo (23/6), eu me reuni com o presidente. Ele me disse: 'A situação está muito f..., esta semana será muito crítica. É necessário preparar algo para levantar minha popularidade'", contou Zúñiga diante do vice-ministro do Interior, Jhonny Aguilera, ao ser detido. O general teria perguntado a Arce se deveria retirar os blindados dos quartéis, ao que, segundo ele, teria obtido resposta afirmativa. "No domingo à noite, os blindados começaram a sair. Seis Cascavéis e seis Urutus, e mais 14 do Regimento de Achacahi", relatou. "Está preso, meu general!", anunciou Aguilera.

Correio entrou em contato com o ex-presidente Evo Morales, que, a princípio, declinou dar declarações. "Olhe, não estou dando entrevistas. Me desculpe", disse ao telefone. "Estamos em um momento de avaliação. Peço-lhe, por favor." A reportagem insistiu e questionou Morales sobre as acusações de Zúñiga. "Lucho enganou o povo boliviano e o mundo inteiro. Essa é a opinião generalizada na Bolívia, nada mais", respondeu. Em um primeiro momento, Morales tinha denunciado um "golpe de Estado" e convocado a defesa da democracia.

Repercussão interna

José Manuel Ormachea, deputado pelo partido Comunidad Ciudadana, afirmou ao Correio que os bolivianos ficaram confusos com os desdobramentos. "Poucas pessoas entendem o que está se passando. Luis Arce deu um autogolpe, junto a Zúñiga. Temos que chamar a comunidade internacional para que Arce não se atreva a fechar o Congresso, a mudar a data das eleições de 2025, a processar legisladores ou a mandar civis para a prisão."

Senadora pelo mesmo partido, Cecilia Requena classificou como "muito graves" os incidentes. "Por mais que a situação tenha sido resolvida logo, sem violência ampliada, o fato de existir um militar que se permita uma aventura é muito grave. Parece um sintoma de um mal-estar mais generalizado na Bolívia", advertiu à reportagem.

Repercussão internacional

Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), foi enfático ao criticar a aventura golpista na Bolívia. "O Exército deve se submeter ao poder civil legitimamente eleito. Enviamos nossa solidariedade ao presidente da Bolívia, Luis Arce Catacora, seu governo e todo o povo boliviano. A comunidade internacional, a OEA e a Secretaria Geral não tolerarão nenhuma quebra da ordem constitucional legítima na Bolívia ou em qualquer outro lugar", escreveu na rede social X.

Também por meio das redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que"a posição do Brasil é clara". "Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão, presidido por Luis Arce", afirmou.

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