A ministra Gleisi Hoffmann, o ministro Wolney Queiroz e o presidente Lula — Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert
A bancada do PDT na Câmara decidiu, nesta terça-feira (6), deixar a base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A saída ocorre quatro dias após Carlos Lupi deixar o Ministério da Previdência Social - em meio à investigação que apura descontos indevidos na aposentadoria de beneficiários do INSS.
O ex-deputado Wolney Queiroz, que também é filiado ao PDT, foi quem assumiu o posto, mas como uma indicação pessoal de Lula. O partido tem 17 deputados na Casa.
A bancada avalia Wolney como um excelente nome, competente, mas contam que a saída de Lupi representou "a gota d’água" para uma relação já desgastada. Deputados explicaram que o governo já vinha deixando o partido no fim da fila de distribuição de emendas, pedidos de cargos e priorização de projetos de lei sugeridos pelos parlamentares.
Segundo o líder do PDT, deputado Mario Heringer (MG), apesar de deixar a base aliada, o partido não atuará como oposição, mas com "independência" em relação ao Palácio do Planalto. Heringer explicou que a decisão não significa um rompimento total, ainda estarão abertos o diálogo.
"Demos o primeiro passo, que é nos tornarmos independentes. Foi uma decisão unânime da bancada. Por que não vamos ficar na base do governo? Porque o governo não deu reciprocidade, não cuidou de proteger (o ministro). Já estávamos em um clima muito ruim. Se existe a história da gota d’água, a gota d’água foi essa. O governo deixou o nosso partido fritando, sem defesa" — disse Heringer.
O líder ainda avalia que a independência na Câmara pode se refletir em 2026 e disse que existe a possibilidade do partido não apoiar a reeleição de Lula. Mario Heringer defendeu “caminhos alternativos” e disse que Ciro Gomes (CE) já se declarou candidato à presidência no ano que vem.
"Em 2026 existe a possibilidade de não estarmos com Lula. Podemos tentar um novo caminho, mas pela centro esquerda. Se queremos evitar a polarização, temos que criar o espaço da não polarização. O Ciro anunciou que pode ser candidato" -- afirmou o líder.
Os deputados do PDT se reuniram na manhã de hoje e deliberaram sobre a permanência ou não na base governista. O ex-ministro Carlos Lupi estava no encontro. De acordo com os presentes, Lupi se mostrou abalado e disse: "podem me continuar me virando de cabeça para baixo, não vão achar nada ilegal".