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Cinco anos após a declaração da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a origem do novo coronavírus ainda é incerta. No entanto, segundo reportagens dos jornais alemães Die Zeit e Süddeutsche Zeitung, o Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (BND) já acreditava em 2020 que o vírus teria surgido de um acidente em um laboratório na cidade de Wuhan, na China, e não por meio do contato humano com animais selvagens.
A suspeita teria surgido a partir de dados públicos e informações obtidas de instituições chinesas, incluindo o Instituto de Virologia de Wuhan, como parte de uma operação chamada "Saaremaa". A revista Der Spiegel revelou que os documentos analisados apontam para experimentos arriscados de "ganho de função", isto é, a modificação artificial de vírus naturais, além de várias violações de normas de segurança laboratorial.
Apesar das conclusões do BND, o governo alemão da época, sob a chanceler Angela Merkel, teria decidido manter as informações sob sigilo, sem compartilhá-las com o Comitê de Controle Parlamentar do Bundestag ou com a OMS. O relatório do serviço de inteligência indicava que a probabilidade de o vírus ter origem laboratorial variava entre 80% e 95%.
Desde dezembro de 2024, pesquisadores independentes revisam as conclusões do BND. Embora um número crescente de cientistas não descarte a hipótese laboratorial, ainda há divergências, com alguns especialistas defendendo a tese de que o vírus foi transmitido de animais selvagens para humanos.
Angela Merkel negou que seu governo tenha ocultado as descobertas sobre a origem da covid-19. Segundo um porta-voz da ex-chanceler, ela "rejeita categoricamente" as acusações e afirmou que os documentos mencionados pelos jornalistas estão armazenados na Chancelaria Federal, fora de seu alcance. O jornal Zeit informou que, apesar de ter sido comunicada pelo serviço secreto, a Chancelaria recebeu as informações com ceticismo, considerando a possibilidade de erro por parte do BND.
Desde o início da pandemia, a covid-19 causou mais de 6,9 milhões de mortes em todo o mundo. Em maio de 2023, a OMS anunciou o fim da emergência sanitária global, após um período que resultou em cerca de 764 milhões de infecções e na aplicação de pelo menos uma dose da vacina a cerca de 5 bilhões de pessoas.