Material foi apreendido - Foto: ASCOM/PC
Segue repercutindo a ação deflagrada pela polícia civil na quarta-feira (26), que desmantelou o esquema criminoso que, em 10 anos, deu prejuízo de mais de R$7,5 milhões aos cofres públicos no estado de Alagoas. Sete pessoas, pertencentes a mesma família, foram presas em Maceió e Colônia Leopoldina, em Alagoas, acusadas de participar do crime, dentre elas uma agente da Polícia Civil e dois sargentos da Polícia Militar (PM).
Em entrevista coletiva na quarta-feira (26), os delegados Sidney Tenório, João Marcello e Igor Diego, que coordenam a Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), detalharam como o esquema foi descoberto. Segundo eles, a agente investigada inseria dados de pessoas da família no cadastro para receber verba em um valor maior do que o que era repassado normalmente para os policiais. Os familiares que recebiam os valores seriam o marido da agente, a mãe, a avó de 85 anos, três irmãos, uma tia, um tio, além do irmão do marido.
A servidora pública, agente da Polícia Civil de Alagoas (PC-AL), que foi presa na operação, era a responsável direta pelo lançamento final dos benefícios de ticket alimentação dos colegas de trabalho na corporação. Segundo os delegados, desde 2014 cerca de R$ 7,5 milhões foram desviados do Estado de Alagoas no pagamento do ticket para a agente e os familiares dela, dos quais dois são sargentos da Polícia Militar.
"Os delegados mandavam a lista de alimentação, a Delegacia-Geral da Polícia Civil (onde a agente era lotada) fazia a análise e, no momento final, ela era a única pessoa que tinha o poder de inserir os nomes. Então, após o controle interno por parte dos gestores, ela no momento final lançava os nomes. Por isso que passou tanto tempo. Somente com o cruzamento de dados e a modernização dos nossos sistemas da Polícia Civil e da Secretaria da Fazenda do Estado foi possível identificar a fraude", informou Sidney Tenório.
De acordo com o delegado Igor Diego, a agente da PC assumiu que " desde 2014 verificou que existia essa possibilidade de cadastrar os parentes dela. Ela os cadastrou e, inicialmente, eles recebiam os valores normais de qualquer servidor da PC. E a partir de 2019/2020, ela passou a aumentar esses valores a tal ponto de que, em 2024, cada parente estava recebendo cerca de R$ 40 mil".
Ainda de acordo com o delegado, os valores de verba de alimentação de cada servidor da PC (delegado, escrivão e agente) é abaixo de mil reais. No entanto, cada parente dela estava recebendo mensalmente mais de R$ 40 mil. "Por isso que nos cinco meses tivemos desfalques de cerca de R$ 1 milhão", confirmou Igor Diego.
Com os desvios, a família da agente investigada ostentava imóveis, veículos de luxo e joias de alto padrão.
"Ela agiu sozinha e vai ser responsabilizada no rigor que manda a lei. Infelizmente, uma pessoa de dentro da PC fez essa conduta. Não nos resta outro caminho a não ser investigar com total imparcialidade para divulgarmos para a sociedade o que de fato aconteceu. Mas não identificamos nenhum outro servidor da PC que tenha participado de qualquer conduta dessa natureza", ressaltou o delegado IgorDiego.