A onda de criminalidade que assola Cuba com brigas de gangues e tráfico de drogas

Por: Rádio Sampaio com Correio Braziliense
 / Publicado em 13/10/2024

Jan Franco (à esquerda) foi morto a facadas em Havana, com apenas 19 anos - (crédito: Arquivo pessoal)

Fidel Castro, o falecido líder da Revolução Cubana, certa vez chamou Cuba de "o país mais seguro do mundo".

Seus críticos, claro, responderam que a baixa taxa de criminalidade foi alcançada por meio de intimidação, que a Cuba de Castro era — e continua sendo — um Estado policial que não aceitava críticas ao seu governo comunista e que passava por cima dos direitos humanos de seus oponentes.

Seja como for, poucos podem negar que as ruas de Cuba estavam tradicionalmente entre as mais seguras das Américas.

No entanto, ultimamente, a população vem reclamando que a violência está ficando fora de controle. "São basicamente gangues, e brigam entre si como gangues. É daí que vem tudo isso, esses assassinatos e mortes de jovens," destacou Samantha González.

O irmão mais novo dela, um aspirante a produtor musical chamado Jan Franco, foi assassinado há dois meses em uma aparente disputa relacionada a gangues.

Drogas

A situação foi agravada por uma nova droga chamada "químico" — uma droga sintética barata à base de cannabis.

Qualquer coisa que destaque os problemas sociais de Cuba é geralmente retratada como uma crítica tendenciosa ao sistema socialista do país ou como uma invenção antirrevolucionária originada em Miami ou Washington.

No entanto, a percepção pública de uma piora na taxa de criminalidade, compartilhada por muitos cubanos nas redes sociais, fez com que as autoridades abordassem o assunto abertamente na televisão estatal.

Uma edição do programa noturno de entrevistas Mesa Redonda — no qual autoridades do Partido Comunista são convidadas a apresentar a linha do partido — foi intitulada "Cuba contra as drogas".

Durante a transmissão, o coronel Juan Carlos Poey Guerra, chefe da unidade de combate às drogas do Ministério do Interior, reconheceu a existência, produção e distribuição da nova droga, "químico", e seu impacto na juventude cubana. Ele insistiu que as autoridades estavam combatendo o problema.

Em outra edição, sobre crime, o governo negou que a situação estivesse piorando, alegando que apenas 9% dos crimes em Cuba eram violentos — e apenas 3% eram assassinatos.

Mas os críticos questionam a transparência das estatísticas do governo, argumentando que não há supervisão independente das organizações que as produzem ou das metodologias que elas usam.

Por sua vez, o governo culpa em grande parte o antigo inimigo, os Estados Unidos, tanto pela existência de opioides sintéticos em Cuba, quanto pelo embargo econômico americano de décadas à ilha, que eles dizem ser a razão pela qual alguns cubanos recorreram ao crime.

Em uma rara entrevista, a vice-presidente da Suprema Corte de Cuba, Maricela Sosa Ravelo, disse à BBC que o problema estava sendo exagerado nas redes sociais. Ela refutou a sugestão de que muitos crimes não são denunciados devido à falta de confiança da população na polícia.

"Em meus 30 anos como juíza e magistrada, não acho que o povo cubano não tenha confiança em suas autoridades", ela afirmou, dentro do ornamentado edifício da Suprema Corte.

"Em Cuba, a polícia tem uma alta taxa de sucesso na resolução de crimes. Não vemos pessoas fazendo justiça com as próprias mãos — o que acontece em outras partes da América Latina e em outros lugares —, o que sugere que a população confia no sistema judiciário cubano", ela argumentou.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Contato

Rua José e Maria Passos, nº 25
Centro - Palmeira dos Índios - AL.
(82) 99641-3231
TELEFONE FIXO - ESTUDIO:
(82)-3421-4842
SETOR FINANCEIRO: (82) 3421-2289 / 99636-5351
(Flávia Angélica)
COMERCIAL: 
(82) 99344-9999
(Dalmo Gonzaga)
O melhor conteúdo. Todos os direitos reservados. Segurança e privacidade
linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram