Foto: Isabela Castilho | BRICS Brasil
A mais recente cúpula do Brics, realizada na capital fluminense, trouxe não apenas debates sobre a nova ordem econômica global, mas também provocou uma resposta direta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano decidiu impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, intensificando o atrito comercial com o Brasil.
O Brics (aliança formada por economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) foi expandido recentemente e agora conta com 11 países. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou na reunião a necessidade de mecanismos de pagamento alternativos ao dólar, defendendo o uso de moedas locais nas transações internacionais, uma proposta que desagradou profundamente Washington.
Trump reagiu já no dia seguinte ao encerramento do evento. Em carta enviada ao presidente Lula, o líder norte-americano justificou a sanção como uma medida contra países que adotam "políticas antiamericanas". Embora tenha ameaçado todos os membros do bloco, apenas o Brasil foi diretamente atingido pela nova tarifação.
Para analistas internacionais, como João Alfredo Lopes Nyegray, da PUCPR, a postura de Trump reflete uma diplomacia punitiva voltada a preservar a hegemonia econômica dos Estados Unidos. Já Luciano Muñoz, do CEUB, aponta que o crescimento do Brics é visto por Washington como uma ofensiva coordenada por China e Rússia, especialmente diante do isolamento russo na guerra da Ucrânia.
O episódio escancara o impacto geopolítico da ascensão do Sul Global e reforça os desafios enfrentados por países que buscam autonomia em um sistema internacional ainda centrado no dólar.