Dois ataques realizados por supostos militantes ligados ao grupo terrorista islâmico Al Qaeda, no Mali, mataram ao menos 64 pessoas na quinta-feira (7), incluindo dezenas de civis, informou o governo de transição do país africano.
Os ataques tiveram como alvo um barco de passageiros no rio Níger, perto de Timbuktu, e uma base militar em Bamba, na região norte de Gao, matando 49 civis e 15 soldados, segundo comunicado do governo.
Não foi possível saber quantas pessoas morreram em cada ataque.
O Exército do Mali declarou que um “grupo terrorista armado” atacou o barco de passageiros às 11h (local) perto de Rharous Cercle, na região de Timbuktu.
Os ataques foram reivindicados pelo Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GSIM), filiado à Al Qaeda, disse o governo.
As autoridades declararam três dias de luto no país, que assistiu a uma escalada da violência após dois golpes militares nos últimos três anos.
O Mali faz parte da região do Saara-Sahel e é um dos vários países africanos que lutam contra insurgentes islâmicos.
Preocupação
Especialistas expressaram preocupação generalizada com o agravamento das condições no conturbado estado do Sahel.
“Em menos de um ano, o Estado Islâmico no Grande Saara quase duplicou as suas áreas de controle no Mali”, aponta um relatório do Conselho de Segurança da ONU divulgado em agosto.
A ONU também expressou preocupação com os abusos dos direitos humanos cometidos pelas forças armadas do Mali e “seus parceiros de segurança estrangeiros”.
Centenas de mercenários russos contratados pelo grupo mercenário Wagner foram convidados para o Mali pela junta militar do país, para combater os islamistas. Não está claro o que aconteceu com eles desde a morte do chefe da organização, Yevgeny Prighozin.
“A violência contra mulheres e meninas e a violência sexual relacionada com conflitos continuam a prevalecer no Mali”, afirmaram especialistas da ONU no relatório.
Em junho, o Mali pediu à força de manutenção da paz da ONU, a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (MINUSMA, na sigla em inglês), que está estacionada no país desde 2013, para deixar a nação “imediatamente”.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, acusou a ONU de agravar os problemas de segurança no país.
Quase 9 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária no país. No início deste mês, agências da ONU afirmaram que 200 mil crianças corriam o risco de morrer de fome.
“Uma série de conflitos armados prolongados, deslocamento interno e acesso humanitário limitado ameaçam mergulhar quase um milhão de crianças com menos de cinco anos na desnutrição aguda até o final deste ano, se a ajuda vital não chegar até elas”, afirmou a ONU.