Jesus Vargas/Getty Images
A oposição na Venezuela acusou o governo Nicolás Maduro de prender, de forma arbitrária, membros da campanha eleitoral de Edmundo González e outros ativistas políticos. A acusação foi feita pela líder da oposição, María Corina Machado.
Segundo María, 37 pessoas já foram presas em 2024 em meio à corrida eleitoral.
Do número, dez fazem parte diretamente de seu movimento político e estão ligados à campanha de González. Além disso, outras seis pessoas ligadas a sua equipe estão asiladas na embaixada da Argentina em Caracas, após serem alvos de mandados de prisão.
As últimas prisões aconteceram no início da semana, quando dois colaboradores foram detidos em Caracas ao sair da sede da oposição para comprar almoço.
Segundo a dirigente, Gabriel González e Javier Cisneros foram acusados de “instigação ao ódio e associação para delinquir pelo simples fato de acompanhar nosso candidato, Edmundo González, em uma atividade em Vargas [estado venezuelano]”.
Nicolás Maduro Reprodução/X
Em oito episódios, com um cenário de luzes LED, efeitos pirotécnicos e uma plateia animada, telespectadores venezuelanos da rede de televisão estatal assistirão à escolha do jingle da campanha de reeleição do presidente Nicolás Maduro, no inédito reality show musical Factor M.
Desbloqueando um novo patamar no seu onipresente aparato de propaganda, o governo Maduro lançou a competição que tenta emular o formato britânico mundialmente famoso (X Factor) diretamente dos estúdios da Televisora Venezolana Social (TVES), canal que captava o sinal da extinta Rádio Caracas Televisión, primeira emissora do país contra a qual o ex-presidente Hugo Chávez travou guerra há 17 anos.
Um total de 35 participantes selecionados em audições realizadas em meados de abril em Caracas competirão na final, que será realizada pouco antes do início oficial da campanha eleitoral. Já o júri do concurso reúne um grupo de músicos regulares em eventos do chavismo, alguns com cargos públicos e ligações com altos funcionários do governo.
O Factor M — no qual, claro, o M vem de Maduro —, é mais uma tentativa do chavismo na sua intensa campanha para reconstruir o seu apoio às eleições presidenciais de 28 de julho. Os esforços concentraram-se, em parte, na tentativa de atingir os eleitores mais jovens, uma vez que estes formam uma base eleitoral de apenas 15% da população, de acordo com a maioria das pesquisas.
A tentativa de atingir esse público se estende ao programa semanal de televisão Maduro +, onde tem tentado mostrar o seu lado mais íntimo ao lado de sua esposa com Cilia Flores enquanto interage com tiktokers da moda, e um podcast de vídeo com direito a fones de ouvido gigantes e microfones profissionais.
Quem chegar vitorioso à final do Factor M, disse Vallenilla na apresentação do programa, será premiado com a gravação profissional da música e "o privilégio" de acompanhar Maduro na campanha, embora o prêmio, na realidade, vá para o próprio candidato.
Nicolás Maduro assina a chamada Lei Orgânica para a Defesa de Essequibo, para anexar o território internacionalmente reconhecido como pertencente à Guiana - Reprodução/X
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, promulgou na quarta-feira (3) a chamada Lei Orgânica para a Defesa de Essequibo, que cria uma região venezuelana dentro do território internacionalmente reconhecido como parte da Guiana.
O texto conta com 39 artigos que regulamentam a fundação da “Guiana Essequiba”, como é chamado o território pelos venezuelanos.
O artigo 25 da lei promulgada impede que apoiadores do governo da Guiana ocupem cargos públicos ou eletivos, o que cria uma camada de proteção à Venezuela contra críticos do projeto de anexação.
A criação da lei começou a ser discutida oficialmente em dezembro de 2023, na Assembleia Nacional, que propôs a criação de uma província venezuelana em Essequibo.
Também em dezembro, o governo venezuelano realizou um referendo no qual 95% dos eleitores presentes teriam votado a favor da incorporação do território guianense à Venezuela.
O aval do referendo daria à Venezuela a permissão para exploração petrolífera no local.
As autoridades eleitorais da Venezuela disseram que mais de 10 milhões de venezuelanos votaram no referendo.
“Depois que o povo se manifestou constitucionalmente em 3 de dezembro, a Assembleia Nacional fez o que tinha que fazer, ampliou o apelo à consulta sobre a Lei Orgânica de Defesa da Guiana Esequiba”, disse Maduro em publicação na plataforma X nesta quarta-feira.
“Com o poder que a constituição me confere, a decisão tomada pelos venezuelanos no referendo consultivo será cumprida em todas as suas partes e, com esta Lei, continuaremos a defesa da Venezuela nos palcos internacionais.”
A Guiana diz que suas fronteiras não estão sujeitas a discussão e que defenderá sua soberania.
Os Estados Unidos, por sua vez, manifestaram o seu apoio à posição da Guiana. Em dezembro, o Secretário de Estado Antony Blinken disse que Washington mantém o seu apelo às partes para uma “resolução pacífica”.
A área de Essequibo corresponde a dois terços do território guianense, portanto uma anexação pela Venezuela representaria uma ameaça à integridade da Guiana.
Embaixada da Argentina em Caracas | Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Getty Images
A Argentina está dando asilo político a seis líderes da oposição venezuelana na residência oficial de sua embaixada, em Caracas, na Venezuela. A informação foi confirmada nesta terça-feira (26). À CNN, fontes do governo argentino disseram que os dirigentes perseguidos precisavam de proteção.
“Não somos um foco opositor em Caracas, somente estamos atuando em exercício efetivo de proteção dos direitos humanos”, disseram as fontes.
Na última segunda-feira (25), houve um corte no fornecimento elétrico da sede diplomática, o que causou preocupação do governo argentino.
Um comunicado emitido pelo escritório do presidente Javier Milei explica que a recepção dos opositores está respaldada na inviolabilidade garantida pela Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, da qual tanto a Argentina quanto a Venezuela são signatários. A Casa Rosada já advertiu a Venezuela sobre ações que ponham “em perigo a segurança da equipe diplomática argentina e dos cidadãos venezuelanos sob proteção”.
O comunicado do país de Milei também expressou inquietude sobre a deterioração da situação institucional e a intimidação e perseguição contra figuras políticas da Venezuela. O presidente argentino pediu para que Nicolás Maduro “garanta a segurança e bem-estar do povo venezuelano e convoque eleições transparentes, livres, democráticas e competitivas, sem proscrições de nenhum tipo”.
Vários mandados de prisão já foram emitidos pelo Ministério Público da Venezuela depois da denúncia de supostos planos de conspiração contra Maduro e o governador de Táchira, Freddy Bernal. Sete membros do movimento político de oposição já foram presos e outros sete possuem mandados de prisão em aberto.
A embaixada argentina em Caracas está sem embaixador desde o início do governo de Javier Milei, que afirmou não querer se relacionar com comunistas. Em fevereiro, uma aeronave venezuelana que estava retida no Aeroporto Internacional de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, foi confiscada e entregue aos EUA.
Em resposta ao que foi classificado como “roubo descarado” pela Venezuela, o país de Maduro proibiu aeronaves argentinas de sobrevoarem seu espaço aéreo.
Houve também uma troca de ofensas entre personalidades de ambos os países. Enquanto o porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, chamou os governantes chavistas de “amigos do terrorismo”, o chanceler venezuelano Yván Gil chamou o governo Milei de “neonazista” e “submisso e obediente ao seu amo imperial”, fazendo menção aos EUA.
María Corina | Foto: divulgação
Duas pessoas próximas à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foram presas e sete outras, incluindo a “braço direito” de Machado, têm mandados de prisão emitidos, segundo o informado nesta quarta-feira (20) pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab.
Os presos foram identificados por Saab como sendo o coordenador nacional do partido Vente Venezuela, Henry Alviarez, e a secretária política do partido, do qual Machado faz parte, Dignora Hernandez. O motivo para as detenções foi um “suposto envolvimento em conspirações planejadas e violência nas ruas”, de acordo com o procurador-geral.
Nos últimos três meses, quatro outros membros da campanha da líder de oposição foram presos sob acusações de conspiração e outros crimes.
“Venezuelanos, peço-lhes força e coragem nestes tempos difíceis. Hoje, mais do que nunca, precisamos estar unidos e firmes para continuar avançando em direção aos nossos objetivos”, afirmou María Corina Machado, no X. Tanto ela como o perfil do Vente Venezuela condenaram as prisões.
Em outubro de 2023, María Corina venceu a disputa para ser a nomeação da oposição, mas foi impedida de registrar sua candidatura. Os motivos foram seu apoio às sanções dos EUA e as acusações de corrupção que ela diz ser uma tentativa de impedir eleições livres e justas.
Nas pesquisas para as eleições presidenciais de julho, Machado está à frente de Maduro, com comas indicando que ela teria pelo menos 50% dos votos, enquanto o ditador teria aproximadamente 20%.
Desde a proibição de Machado como candidata, os Estados Unidos começaram a impor novas sanções ao país e alertaram que a permissão da flexibilização das sanções na área do petróleo expirasse em abril.
Apenas depois de Maduro assinar um acordo de garantias eleitorais com a oposição, ainda em 2023, foi que os EUA aliviaram as sanções.
Até o momento, não há sinal de que a proibição contra Machado será levantada na eleição de julho. Com isso, os partidos pediram que ela indicasse um substituto que possa se registrar antes do prazo final, dia 25 de março.
Uma das nomeadas por María Corina foi seu “braço direito”, Magalli Meda, que teve o mandado de prisão emitido.
Foto: Federico Parra/AFP
Na última segunda-feira (22), o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou que o Ministério Público (MP) do país ordenou a prisão da jornalista Sebastiana Barráez, do site argentino Infobae; dos youtubers Norbey Marín e Wender Villalobos; dos ex-militares Mario Carratú Molina e José Colina; e da ativista pelos Direitos Humanos Tamara Sujú. Eles foram acusados de supostamente planejar um atentado contra Nicolás Maduro e contra o governador de Táchira, Freddy Bernal.
A acusação formal foi de “traição à pátria, homicídio intencional qualificado, em grau de tentativa, do presidente da República e do governador de Táchira, terrorismo e associação”. Saab também disse que os suspeitos também fizeram planos contra o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López. Ainda segundo Saab, dezenas de pessoas foram presas desde maio de 2023. Elas teriam confessado os planos e delatado cúmplices.
As conspirações, segundo o procurador-geral, teriam sido planejadas com a ajuda da Agência de Inteligência da América (CIA, no inglês), da Agência de Controle de Drogas da América (DEA) e do serviço de inteligência do exército colombiano. Os presos, ainda de acordo com Saab, estariam vinculados a planos de tomar uma brigada de infantaria do exército venezuelano em Táchira, visando conseguir armas para promover atentados.
No X, antigo Twitter, Tamara Sujú disse que estava sendo acusada por denunciar o desaparecimento do ex-militar Anyelo Heredia, que fugiu da prisão de Ramo Verde e foi recapturado por autoridades venezuelanas.
Durante o pronunciamento do procurador-geral, um vídeo foi exibido, onde o Heredia aparece dizendo que escapou da Colômbia e que planejava realizar uma operação para “tomar armas” de quartéis e “utilizar jornalistas para que fizessem pronunciamentos para dar credibilidade para a operação”. Saab também informou que o ex-militar foi preso em 16 de janeiro, em uma zona rural próxima da fronteira, em Táchira.
Em resposta à ação do MP venezuelano, o Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa da Venezuela repudiou a acusação contra a jornalista Sebastiana Barráez e também a “perseguição judicial para gerar censura e atentar contra sua liberdade e integridade”.