Senado vai contra STF e aprova marco temporal para demarcações de terras indígenas, veja como votou cada senador

Por: Rádio Sampaio com O Globo
 / Publicado em 27/09/2023

O Senado aprovou nesta quarta-feira (27), por 43 votos a 21, o projeto que estabelece um marco temporal para demarcação de terras indígenas. A proposta seguirá para sanção do presidente Lula (PT). O projeto, aprovado majoritariamente por senadores de oposição, também teve votos favoráveis de congressistas próximos ao governo, como Renan Calheiros e Davi Alcolumbre.

Pela proposta, os povos indígenas só poderão reivindicar a posse de áreas que ocupavam, de forma permanente, em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Na prática, se as comunidades não comprovarem que estavam nas terras nesta data, poderão ser expulsas.

O movimento de avançar com o projeto, liderado pela bancada ruralista, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal concluída nesta quarta. A corte definiu a tese do marco como ilegal.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco , declarou que a votação do texto pelo Senado não representa um "enfrentamento" ao tribunal e classificou o gesto do Congresso como "muito natural". Segundo o parlamentar, este tipo de tema deve ser tratado pelo parlamento.

A votação no Senado foi relâmpago. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o texto no início da tarde. O projeto não estava na pauta do plenário. Mas a urgência da matéria foi o primeiro pedido a ser analisado. Logo em seguida, o conteúdo da proposta foi aprovado.

Diante da contradição entre Congresso e STF, pode haver judicialização do tema. Os ministros do tribunal definiram que não é válido usar a data da promulgação da Constituição como um critério para a definição da posse indígena.

Como o projeto foi aprovado depois e como uma lei comum, partidos políticos poderão contestá-lo por ser inconstitucional e provocar o tribunal a debater novamente o marco temporal. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, há 226 processos aguardando um desfecho do caso. A decisão do STF também poderá balizar a atuação do Poder Executivo na demarcação.

O projeto prevê:

  • - autorização para garimpos e plantação de transgênicos dentro de terras indígenas;
  • -possibilita contato com povos isolados;
  • -possibilidade de realização de empreendimentos econômicos sem que os povos afetados sejam consultados;
  • -celebração de contratos, entre indígenas e não-indígenas, para exploração de atividades econômicas nos territórios tradicionais;
  • -prevê que a interrupção da posse indígena ocorrida antes de outubro de 1988, independentemente da causa, inviabiliza o reconhecimento da área como tradicionalmente ocupada. A exceção é para caso de conflito de posse no período. Neste caso, o marco temporal não seria aplicado em caso de expulsão dos indígenas. Especialistas avaliam, no entanto, que é difícil comprovar o conflito e a expulsão.
  • - que o governo indenize a desocupação das terras e valide títulos de propriedade em terras das comunidades indígenas.

Sobre esse último ponto, especialistas acreditam que isso permitirá que não indígenas que tenham invadido áreas de comunidades sejam indenizados.

De acordo com o texto, antes de concluído o processo de demarcação, "não haverá qualquer limitação de uso e gozo aos não indígenas que exerçam posse sobre a área, garantida a sua permanência na área objeto de demarcação".

Articulação

Os ruralistas, com suporte da ala mais conservadora do Congresso, começaram a travar as votações de projetos na Câmara e no Senado enquanto o marco temporal não fosse aprovado.

Os plenários das duas Casas não votaram propostas nesta terça.

Veja como votou cada senador

NOMEPARTIDOUFCOMO VOTOU
Alan RickUNIÃOACSim
Marcio BittarUNIÃOACSim
Sérgio PetecãoPSDACAusente
Fernando FariasMDBALSim
Renan CalheirosMDBALSim
Rodrigo CunhaPODEMOSALSim
Eduardo BragaMDBAMNão
Omar AzizPSDAMNão
Plínio ValérioPSDBAMSim
Davi AlcolumbreUNIÃOAPSim
Lucas BarretoPSDAPSim
Randolfe RodriguesREDEAPNão
Angelo CoronelPSDBAAusente
Jaques WagnerPTBANão
Otto AlencarPSDBANão
Augusta BritoPTCENão
Cid GomesPDTCENão
Eduardo GirãoNOVOCESim
Damares AlvesREPUBLICANOSDFSim
Izalci LucasPSDBDFAusente
Leila BarrosPDTDFNão
Fabiano ContaratoPTESNão
Magno MaltaPLESSim
Marcos do ValPODEMOSESSim
Jorge KajuruPSBGOSim
Vanderlan CardosoPSDGOSim
Wilder MoraisPLGOSim
Ana Paula LobatoPSBMANão
Eliziane GamaPSDMANão
WevertonPDTMASim
Carlos VianaPODEMOSMGSim
CleitinhoREPUBLICANOSMGSim
Rodrigo PachecoPSDMGPresidente
Nelsinho TradPSDMSAusente
Soraya ThronickePODEMOSMSSim
Tereza CristinaPPMSSim
Jayme CamposUNIÃOMTSim
Margareth BuzettiPSDMTSim
Mauro Carvalho JuniorUNIÃOMTSim
Beto FaroPTPANão
Jader BarbalhoMDBPAAusente
Zequinha MarinhoPODEMOSPASim
Daniella RibeiroPSDPBSim
Efraim FilhoUNIÃOPBSim
Veneziano Vital do RêgoMDBPBAusente
Fernando DueireMDBPESim
Humberto CostaPTPENão
Teresa LeitãoPTPEAusente
Ciro NogueiraPPPISim
Jussara LimaPSDPINão
Marcelo CastroMDBPINão
Flávio ArnsPSBPRSim
Oriovisto GuimarãesPODEMOSPRSim
Sergio MoroUNIÃOPRSim
Carlos PortinhoPLRJAusente
Flávio BolsonaroPLRJAusente
RomárioPLRJNão
Rogerio MarinhoPLRNSim
Styvenson ValentimPODEMOSRNSim
Zenaide MaiaPSDRNNão
Confúcio MouraMDBRONão
Jaime BagattoliPLROSim
Marcos RogérioPLROSim
Chico RodriguesPSBRRAusente
Dr. HiranPPRRSim
Mecias de JesusREPUBLICANOSRRSim
Hamilton MourãoREPUBLICANOSRSSim
Luis Carlos HeinzePPRSAusente
Paulo PaimPTRSNão
Esperidião AminPPSCSim
Ivete da SilveiraMDBSCAusente
Jorge SeifPLSCSim
Alessandro VieiraMDBSENão
Laércio OliveiraPPSESim
Rogério CarvalhoPTSENão
Astronauta Marcos PontesPLSPAusente
GiordanoMDBSPAusente
Mara GabrilliPSDSPAusente
Eduardo GomesPLTOSim
IrajáPSDTOAusente
Professora Dorinha SeabraUNIÃOTOSim

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