Vladimir Putin — Foto: Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via REUTERS
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu que o cessar-fogo na Ucrânia seria possível apenas com a saída do presidente Volodymyr Zelensky do poder. Em conversa com militares na quinta-feira (27), o líder disse que uma medida para encerrar a guerra seria se Kiev ganhasse um governo interino, até a realização de novas eleições.
"Uma administração temporária poderia ser introduzida na Ucrânia, sob a supervisão das Organização das Nações Unidas, dos Estados Unidos, dos países europeus e de nossos parceiros. Isso serviria para realizar eleições democráticas e levar ao poder um governo que tenha a confiança do povo e, em seguida, iniciar conversas com eles sobre um tratado de paz”, disse Putin, citado pela agência estatal Tass.
A declaração do líder russo vai de encontro com uma queixa antiga de que as autoridades ucranianas são ilegítimas e, portanto, não devem sentar-se à mesa de negociações. Isso porque o mandato de Zelensky terminou no ano passado, mas, devido à guerra, o presidente ucraniano decidiu adiar as eleições e permanecer no poder.
Além disso, o país está atualmente sob a lei marcial, que não permite a realização de votações. Sabendo disso, e do baixo desejo dos ucranianos de votar (15%, segundo o Instituto Internacional de Sociologia de Kiev), o Parlamento ucraniano aprovou uma resolução reafirmando a legitimidade de Zelensky, com maioria dos votos.
“As eleições serão realizadas quando a fase quente da guerra terminar e a lei marcial não estiver mais em vigor”, disse Zelensky, em declaração em fevereiro deste ano.
O cenário, no entanto, ainda é rejeitado por Putin, que continua defendendo que não pode assinar acordos com Zelensky, uma vez que o presidente não foi reeleito. Para o líder russo, a única autoridade legítima na Ucrânia atualmente é o Parlamento. Ele já chegou a sugerir, inclusive, que o país deveria estar sob liderança do chefe da assembleia.