Nos últimos anos, o crescimento das plataformas de apostas online (bets) trouxe um fenômeno curioso e, para muitos, preocupante: o envolvimento de influencers digitais na divulgação desse mercado. Prometendo ganhos fáceis e imediatos, esses criadores de conteúdo usam sua popularidade para atrair seguidores às casas de apostas. No entanto, o impacto desse marketing muitas vezes mascara uma realidade sombria.
Esses contratos, geralmente milionários, transformam os influencers em verdadeiros vendedores de sonhos, enquanto milhares de pessoas mergulham em endividamentos e transtornos psicológicos devido à compulsão por jogos de azar. Para o influenciador, o “cachê da desgraça” vem na forma de uma comissão robusta: muitos ganham não só pela promoção, mas também uma porcentagem dos prejuízos acumulados pelos jogadores que se cadastraram usando seus códigos promocionais.
A crítica se intensifica quando esses mesmos influenciadores deixam de mencionar os riscos do vício em apostas, apresentando o hábito como uma brincadeira inofensiva ou uma “forma de renda extra”. Em muitos casos, os seguidores mais vulneráveis, como jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade financeira, são os mais prejudicados.
Apesar de ser um mercado legalizado em alguns países, a falta de regulamentação rigorosa em outros locais permitem que essa prática se espalhe sem grandes barreiras. Enquanto isso, cresce a discussão sobre o papel ético dos influencers e até que ponto a promoção desse tipo de conteúdo contribui para uma epidemia silenciosa de vícios e dívidas.
No final, o glamour exibido pelos divulgadores contrasta com o cenário de famílias devastadas pelo endividamento. A pergunta que fica é: até onde vale a pena trocar o bem-estar alheio por contratos de patrocínio polpudos?