Javier Milei e Victoria Villarruel em agosto de 2023 — Foto: Agustin Marcarian/Reuters
O presidente da Argentina, Javier Milei, chamou a vice-presidente do país, Victoria Villarruel, de traidora após projetos ampliam a aposentadoria no país serem aprovados pelo Senado nesta quinta (10). Em discurso contrário às medidas, o presidente alfinetou a mulher enquanto listava atos realizados no seu governo.
“Fizemos 2.500 reformas estruturais. Não só tivemos um programa de estabilização mais bem-sucedido que a convertibilidade, como também fizemos 25 vezes mais reformas com apenas 15% da Câmara dos Deputados, sete senadores e uma traidora [Victoria Villarruel]”.
Segundo o jornal La Nación, o ataque ocorreu porque Villarruel estava presente durante o debate das medidas. Na Argentina, a vice-presidente do país também acumula o cargo de presidente do Senado.
Na declaração, Milei também disse que vai vetar as iniciativas. O presidente argentino considera que o pacote compromete o equilíbrio fiscal.
“Vamos vetar. E, se por acaso o veto cair, o que não acredito, vamos judicializar. Mesmo que a Justiça fosse surpreendentemente rápida, o dano seria mínimo. Uma simples mancha que reverteremos em dois meses”, disse.
Os projetos preveem o aumento de 7,2% na aposentadoria e a prorrogação da moratória — que permite que as pessoas possam se aposentar sem ter cumprido os anos de contribuição que a lei exige.
Essa não é a primeira vez que Milei expõe suas divergências com a vice. Em novembro de 2024, o presidente argentino afirmou que Villarruel "não tem nenhuma ingerência na tomada de decisões" de governo e que ela não participa de reuniões de gabinete.
Ao expor o racha com sua colega de chapa, Milei acusou Villarruel de estar "próxima do círculo vermelho", como ele chama os supostos adversários de esquerda, e da "casta", palavra que ele usa ao se referir a nomes mais antigos na política do país.
Villarruel, de 49 anos, tem como origem uma família formada por militares argentinos e defende que a ditadura militar no país, que durou entre 1976 e 1983, foi uma "guerra" contra o comunismo — a tese é contestada por historiadores.