Foto: Abiove
O retorno iminente do fenômeno La Niña, com probabilidade de 71% de se formar entre outubro e dezembro de 2025, acende o alerta no setor agrícola brasileiro. Previsões da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos indicam que o evento climático, caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Pacífico Equatorial, pode se estender até fevereiro de 2026, com chances de 54% para o período de dezembro a fevereiro.
Especialistas alertam para impactos significativos na produção de grãos e frutas, especialmente no Sul do país, onde secas prolongadas ameaçam colheitas cruciais para a economia nacional. O anúncio da NOAA, divulgado em 11 de setembro, elevou as expectativas de La Niña de 58% para 71% no trimestre inicial, sinalizando uma transição rápida do atual estado neutro do El Niño-Oscilação Sul (ENSO). "La Niña é favorecida para o restante do outono, com 71% de chance durante outubro-dezembro", afirma o boletim do Centro de Previsão Climática (CPC) da NOAA.
No Brasil, o fenômeno é visto como um "sinal amarelo" pelos produtores, pois tende a alterar padrões de precipitação de forma drástica: mais chuvas no Norte e Nordeste, mas estiagens severas no Sul e Centro-Oeste.
Para o agronegócio brasileiro, que responde por cerca de 25% do PIB nacional, o La Niña representa um desafio climático de grande magnitude. No Rio Grande do Sul, estado líder na produção de soja e arroz, as projeções apontam para um outubro seco e quente, com temperaturas acima da média e precipitações abaixo do esperado.
"O risco é de geadas tardias e falta de umidade no solo, o que pode comprometer o plantio da soja e do milho safrinha", explica um relatório da MetSul Meteorologia, consultado por veículos especializados.
Produtores da região Sul já sentem os efeitos preliminares. Em postagens nas redes sociais e entrevistas recentes, agricultores gaúchos expressam preocupação com a possível redução de até 20% na produtividade de grãos, dependendo da intensidade do fenômeno. "Com a chegada do La Niña nos próximos meses, produtores do Sul se preocupam com secas que podem afetar diretamente a safra de verão", destacou a Globo Rural em uma publicação no Instagram. No café, outro pilar do agro paranaense e mineiro, há temores de perdas em frutos devido à irregularidade das chuvas.
No Norte e Nordeste, o cenário é oposto: chuvas acima da média podem beneficiar a pecuária e culturas como o algodão, mas também aumentam o risco de inundações e doenças em plantações. "Fenômeno deve ser fraco e curto, mas pode trazer mais chuva ao Norte e ao Nordeste, e estiagens ao Sul", resumem especialistas do Estadão Agro. A safra 2025/26, que inicia em breve, pode ser "desafiadora", segundo institutos como o IRI (International Research Institute for Climate and Society), que estima 56% de probabilidade de La Niña já em setembro-novembro.
Diante das previsões, entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) recomendam medidas preventivas, como o uso de sementes resistentes à seca e o monitoramento via satélite. "É essencial diversificar cultivos e investir em irrigação eficiente para mitigar os efeitos", orienta a CNA em comunicados recentes. A NOAA enfatiza que, embora o La Niña seja esperado como "fraco", sua duração até o início de 2026 pode prolongar os impactos econômicos, com possíveis reflexos nos preços globais de commodities.
Enquanto o mundo observa o aquecimento global intensificando eventos extremos, o agro brasileiro busca equilíbrio entre inovação e resiliência. Com a colheita da soja se aproximando, o setor torce por um La Niña mais ameno – mas se prepara para o pior. Atualizações climáticas continuam essenciais; acompanhe as próximas edições do boletim da NOAA para refinamentos nas probabilidades.