
Correios acumulam 12 trimestres de prejuízo e enfrenta maior crise financeira da história - Foto: Agência Brasil
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) atravessa a pior crise financeira de sua história. Desde 2022, a estatal acumula 12 trimestres consecutivos de prejuízo, registrando um déficit de R$ 4,36 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025. Para tentar conter o colapso, a empresa anunciou na última quarta-feira (15) que busca R$ 20 bilhões em empréstimos junto a instituições financeiras.
O cenário de perdas começou ainda no governo de Jair Bolsonaro, em 2022, e se aprofundou na atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Os prejuízos vêm crescendo ano após ano: R$ 2,6 bilhões em 2024 e o primeiro resultado bilionário negativo desde 2016.
Entre as principais causas do rombo estão o aumento dos gastos com pessoal, sucessivos reajustes salariais acima da inflação, e o impacto do programa “Remessa Conforme”, que reduziu drasticamente a receita das encomendas internacionais — uma das principais fontes de lucro dos Correios. Segundo estudo interno, a estatal deixou de arrecadar R$ 2,2 bilhões após a criação da chamada “taxa das blusinhas”, que liberou empresas privadas para fazer o transporte de produtos importados.
Além da queda nas receitas, a estatal também sofre com o crescimento das dívidas trabalhistas e precatórios, que já somam R$ 1,6 bilhão, e com 85% de suas 10.638 unidades operando no vermelho. Em 2024, o caixa da empresa despencou de R$ 3,2 bilhões para apenas R$ 249 milhões, levando à contratação de novos empréstimos com juros elevados.
O atual presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, afirmou que o novo empréstimo de R$ 20 bilhões busca recuperar a liquidez da empresa, quitar dívidas antigas e financiar o Plano de Demissão Voluntária (PDV). Também estão previstas medidas como corte de despesas, renegociação de contratos, venda de imóveis ociosos e redução de cargos comissionados.
Apesar da crise, os Correios mantêm um plano de investimentos sustentáveis, com foco na renovação da frota e na transição ecológica, incluindo a aquisição de veículos e bicicletas elétricas.
Diante do quadro crítico, volta a ganhar força nos bastidores de Brasília a discussão sobre a privatização da estatal. Especialistas defendem que o tema seja debatido de forma pragmática, enquanto o governo tenta manter a operação dos Correios sem interromper o serviço postal universal, presente em todos os 5.567 municípios do país.