Com o apoio da extrema direita, o Parlamento de Portugal aprovou nesta terça-feira (30) alterações à Lei de Estrangeiros, que ficou conhecida no país como "lei anti-imigração".
As alterações desta terça ajustaram a lei, que já havia sido aprovada antes, a exigências da Justiça. Em agosto, o Tribunal Constitucional barrou o pacote do governo.
A mudança que ganhou luz verde neste terça reduz o tempo de espera para pedidos de "reagrupamento familiar" — tema que afeta diretamente milhares de imigrantes no país, incluindo brasileiros.
Para alcançar maioria para aprová-la, o governo precisava do apoio de deputados do Chega, a sigla da extrema direita de Portugal. Os deputados aceitaram votar a favor do texto, e o partido do governo colocou a medida em votação nesta terça com a garantia do apoio do Chega.
O Partido Socialista, de oposição, votou contra.
"Esta lei regula a imigração, limitando os fluxos CPLP, visto procura de trabalho e reagrupamento familiar", disse o governo português em comunicado. "Ajustar os fluxos à capacidade do país integrar reforça o acolhimento digno de quem chega".
A mudança pode reduzir o tempo de espera para pedidos de "reagrupamento familiar" —tema que afeta diretamente milhares de imigrantes no país, incluindo brasileiros.
Imigrantes protestam em frente ao Parlamento português por direitos e autorizações de residência, em Lisboa, Portugal, em 17 de setembro de 2025. — Foto: REUTERS/Pedro Nunes
Na decisão, o Tribunal considerou que o projeto "é incompatível com a proteção constitucionalmente devida à família, em particular à convivência dos cônjuges, ou equiparados, entre si".
A Lei de Estrangeiros endurece significativamente a política migratória do país. Os brasileiros, que representam a maior comunidade estrangeira em Portugal, estão entre os principais afetados pelas medidas.
Aprovadas com o apoio da coalizão de direita e do partido de extrema direita Chega, as novas medidas foram votadas em tempo recorde — apenas 16 dias úteis após a apresentação.
Entre as principais mudanças estão a restrição na concessão de vistos de trabalho, agora limitados a imigrantes altamente qualificados, e o endurecimento das regras para o reagrupamento familiar.
No caso dos brasileiros, as novas regras terão impacto direto nos seguintes casos:
Outro ponto polêmico do pacote é a criação de uma nova unidade policial dedicada ao combate à imigração ilegal e à execução de deportações. Já a proposta de restringir o acesso à nacionalidade portuguesa foi adiada, devido a dúvidas sobre sua legalidade.
A tramitação acelerada do projeto gerou críticas da oposição e de entidades da sociedade civil. Durante a votação, dezenas de imigrantes e apoiadores compareceram ao Parlamento vestidos de preto, em protesto silencioso contra as medidas.
O deputado socialista Pedro Delgado Alves acusou o governo de “atropelar” o processo legislativo e de se deixar “sequestrar pela extrema direita”.