Haddad e Hugo Motta dão entrevista coletiva à imprensa — Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
A equipe econômica do governo se reuniu na na noite do domingo (8), com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além de líderes partidários. Após a reunião, que durou mais de cinco horas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o fechamento de um acordo em torno do impasse sobre a elevação do IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras).
Segundo Haddad, o decreto que elevou as alíquotas do imposto ser[á revisto e a arrecadação prevista inicialmente, de RS 19 bi em 2025, deve cair para 1/3 do estimado, entre R$ 6 e 7 bi.
Para compensar a queda, será editada uma medida provisória que impacta o mercado financeiro e "corrige distorções no sistema de crédito, na cobrança de impostos sobre títulos, rendimento sobre títulos e temas afins".
O ministro da Fazenda anunciou, entre os pontos da medida provisória, a extinção da isenção de imposto de renda sobre títulos como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). "Vão deixar de ser isentos, mas continuarão bastante incentivados. A diferença de 0% pra 17,5% será reduzida. Vai ser 5%. Deixarão de ser isentos porque estão criando distorções na arrolagem da dívida pública".
As bets também devem ser afetadas pela medida provisória. A receita bruta de jogos, conhecida como GGR e definida pela diferença entre o que se é pago em prêmios pelas empresas e o que se é arrecadado pelas apostas, terá acréscimo na alíquota e chegar a 18%. De acordo com Haddad, a revisão se dá com base em dados coletados pela Secretaria de Prêmios e Apostas da Fazenda sobre o "tamanho deste mercado".
Na reunião também foram acertadas medidas de longo prazo: redução de benefícios tributários e gastos primários.
Haddad falou na expectativa de reduzir em, pelo menos, 10% os benefícios tributários que não estão previstos na Constituição -- o que exclui benefícios como o Simples Nacional. Já Hugo Motta, levantou a hipótese destes cortes serem feitos de maneira gradativa. Os debates passarão por votações no Congresso.
"Todos sabemos que as isenções fiscais em um nível altíssimo que é insuportável. O ministro [Haddad] apresentou um número que pode chegar a 800 bilhões, então precisamos rever", declarou Motta.
Haddad mencionou que uma nova reunião será realizada para afinar as propostas de redução de gastos primários. O ministro quer consultar as iniciativas que contam com maior apoio entre os parlamentares. Hugo Motta falou no avanço da reforma administrativa e anunciou que uma nova proposta sobre o tema deve ser apresentada no início de julho.
Segundo o ministro da Fazenda, nenhuma ação será oficializada antes do conhecimento do presidente Lula. Em viagem na Europa, o mandatário retorna ao Brasil na noite desta segunda. Haddad deve tratar do assunto com Lula na terça (10.06).
A reunião deste domingo contou ainda com as presenças da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann e de senadores como o líder do União Brasil, Efraim Filho, e o líder do PSD, Omar Aziz.