
Foto: Márcio Lima
O escritor e pesquisador José Bezerra, natural de Igaci, lançou nesta quinta-feira (23) o livro “Educação Escolar Quilombola e Emancipação”, durante evento promovido pela Cáritas, na Praça da Independência, em Palmeira dos Índios. A obra, que reúne cerca de 250 páginas, é resultado de sua tese de doutorado e mergulha nas discussões sobre educação, identidade e inclusão social nas comunidades quilombolas de Alagoas.
Durante entrevista à Rádio Sampaio, José Bezerra explicou que o livro analisa o desenvolvimento da educação escolar quilombola, modalidade formalizada em 2010, e reflete sobre o papel da escola na emancipação e valorização da cultura afrodescendente.
“Estudo as características e a pedagogia dessa educação, articulando com as ideias do filósofo alemão Herbert Marcuse, buscando compreender o papel transformador da educação nas comunidades quilombolas”, destacou o autor.
O escritor, que também é servidor aposentado do Poder Judiciário, lembrou que Alagoas possui 76 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares, sendo muitas delas situadas na diocese de Palmeira dos Índios. Segundo ele, o tema é essencial diante dos índices de analfabetismo ainda elevados entre as populações quilombolas e da necessidade de políticas públicas voltadas à educação e cidadania.
Bezerra ressaltou que a Constituição de 1988 e o decreto de 2003 foram marcos fundamentais na garantia de direitos e territórios para essas comunidades, e que a partir de 2010 a educação quilombola passou a ser oficialmente reconhecida como uma modalidade específica de ensino.
“Esse é um livro sobre resistência, cultura e direito à educação. É também uma forma de dar visibilidade a um público historicamente marginalizado”, afirmou o autor.
O lançamento integra a Feira da Cáritas, evento cultural que reúne escritores, artistas e educadores, e reforça o compromisso de Palmeira dos Índios com a promoção da literatura e da diversidade cultural.
O autor participou de sessão de autógrafos a partir das 10h, na tenda principal do evento, e convidou o público a conhecer a obra.
“Espero que muitos se interessem pelo tema e participem desse diálogo sobre educação e inclusão. É um encontro de saberes e de esperança”, concluiu.

