Relatório preliminar aponta elementos que confirmam esquema para manipulação e vendas de decisões judiciais no STJ

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 / Publicado em 12/10/2025

Foto: PF/divulgação

Um relatório preliminar da Polícia Federal apontou que há elementos que confirmam um esquema estruturado para a manipulação e a venda de decisões judiciais que envolvem gabinetes do Superior Tribunal de Justiça.

O relatório da investigação foi entregue na sexta-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal. O documento, divulgado inicialmente pelo jornal O Estado de São Paulo e ao qual a TV Globo também teve acesso, aponta que as investigações revelaram um mercado paralelo de influência, no qual contratos milionários de advocacia ou de consultoria eram firmados com o propósito de assegurar decisões previamente combinadas, em substituição à efetiva atuação técnico-jurídica.

O relatório descreve a existência de uma rede de intermediários, operadores e servidores, criada para manipular e direcionar decisões do STJ e de outros tribunais. Em novembro de 2024, Daimler Alberto de Campos, Márcio José Toledo Pinto e Rodrigo Falcão de Oliveira Andrade foram alvos de mandados de busca e apreensão e afastados de suas funções no STJ por suspeita de envolvimento no esquema.

Segundo a PF, o esquema envolvia pessoas que atuavam em três núcleos:

  • Servidores públicos ligados a gabinetes, que vazavam informações sensíveis e antecipavam minutas;
  • Advogados e lobistas, que buscavam clientes interessados em decisões favoráveis;
  • E empresários, que seriam beneficiados com as decisões.

Segundo a PF, a organização criminosa identificava processos de interesse e acionava o lobista Andresson de Oliveira, que é apontado como principal operador do esquema e está em prisão domiciliar.

Os investigadores analisaram uma série de mensagens que revelam ações que seguiam padrões típicos de atuação de organizações criminosas, como o uso de linguagem cifrada, codinomes, laranjas e empresas de fachada.

Para tentar maquiar as negociações, a PF diz que o grupo recorria a expressões como "a obra está pronta", que correspondiam a uma minuta de decisão finalizada. "Faltam os retoques do patrão" indicava a necessidade de assinatura pelo magistrado; e "Orçamento" era utilizado para se referir a valores ajustados.

Segundo a PF, "a proximidade temporal entre os diálogos e a movimentação dos atos processuais (separados por poucas horas e alinhados no mesmo dia) constitui indício relevante de que informações sobre a tramitação das minutas já circulavam no ambiente dos investigados antes da sua publicação oficial."

Os investigadores identificaram movimentações financeiras atípicas e encontraram na casa de Rodrigo Falcão três caixas de relógios da marca Rolex, incompatíveis com a ocupação desempenhada pelo investigado. O cupom fiscal referente a um dos relógios tinha o valor de R$ 106 mil, com anotação de que o pagamento foi feito com dinheiro em espécie.

No relatório preliminar, a Polícia Federal defendeu a manutenção das medidas cautelares contra os servidores afastados do STJ para impedir a reativação do esquema e a utilização da estrutura do tribunal para fins criminosos.

A Polícia Federal pediu mais tempo para aprofundar as investigações e identificar todas as ramificações do esquema. O relatório não aponta o envolvimento de ministros do STJ.

Em nota, o Superior Tribunal de Justiça disse que não irá se manifestar, já que a investigação está sob sigilo no Supremo Tribunal Federal. O Jornal Nacional não teve retorno das defesas de Daimler Alberto de Campos, Márcio José Toledo Pinto e Andersson de Oliveira. O advogado de Rodrigo Falcão de Oliveira Andrade não foi localizado.

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