
Fotos: Francisco Cedrim
As torcidas organizadas Comando Alvirubro (CRB) e Mancha Azul (CSA), poderão voltar a funcionar em Alagoas. Os juízes da 17ª Vara Criminal da Capital concluíram, no último dia 30, que não há provas suficientes na denúncia do Ministério Público de Alagoas (MPAL)- de que as torcidas são organizações criminosas. Cabe recurso da decisão, mas o órgão ministerial informou que não foi intimado.
Além de liberar o funcionamento das torcidas, o colegiado de juízes, composto por três magistrados, autorizou a reabertura das sedes, e a volta dos perfis na rede social Instagram. Os juízes também mandaram a polícia devolver todo o material apreendido durante a operação Red Blue, que foi deflagrada em dezembro do ano passado.
Eles também poderão voltar a usar as vestimentas, faixas e bandeiras dentro de mais alguns dias, após assinarem o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público. Assinado no final de janeiro deste ano, o TAC do MP já está em vigor e terá a inclusão das torcidas que estavam punidas. Durante a reunião de assinatura no começo de 2024, os órgãos, juntamente aos representantes dos clubes, discutiram medidas para proteção dos torcedores em dias de jogos, assim como ações de controle das torcidas organizadas, visando a redução da violência nos estádios e em seus entornos.
Além dessas liberações, a justiça também absolveu os 13 denunciados no processo. Eles eram acusados de crimes como associação para o tráfico de drogas, organização criminosa e uso indevido de símbolos oficiais. Entre os denunciados, alguns permanecerão presos porque respondem por outros crimes, como tentativa de homicídio.
“Ressalte-se que a presente sentença não afasta a continuidade dos demais procedimentos/processos referentes à presente Operação Red Blue, que porventura se encontrem em investigação, considerando tratarse de diligências referentes à prática de outros crimes que não os descritos na presente denúncia. Por essa razão, os demais processos/procedimentos serão oportuna e devidamente analisados”, cita trecho da decisão.

O livro “Torcidas Organizadas e Periferia: Identidade e Pertencimento”, de autoria de Bispo Filho, foi lançado na segunda-feira (06), no auditório da Secretaria de Estado do Esporte, Lazer e Juventude, que fica no Estádio Rei Pelé. Entre os convidados, o presidente da Federação Alagoana de Futebol (FAF), Felipe Feijó, a promotora de justiça, Sandra Malta, o chefe do setor de eventos da Polícia Militar, tenente-coronel Iraque, o presidente da Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), Luiz Cláudio do Carmo, o vereador por Arapiraca, Adriano Targino, o advogado Romany Roland, e o conselheiro do CRB, Ricardo Moraes.
Representantes das torcidas organizadas Mancha Azul (CSA), Povão Azulino (CSA), Comando Alvirrubro (CRB) e Mancha Negra (ASA) também marcaram presença.
Bispo Filho fez a abertura do evento e falou sobre a escolha do tema. Ele também apresentou o projeto “Cuidando da Sua Casa”, que tem como objetivo promover uma mudança significativa na cultura das torcidas organizadas, direcionando suas paixões para ações construtivas e responsáveis.
“Nós entendemos a importância das torcidas organizadas dentro dos estádios e para os clubes que torcem. Precisamos unir forças para construir um ambiente de paz, onde as ações positivas superem as negativas e enquanto instituição iremos contribuir em tudo aquilo que for possível ser feito” disse o presidente da FAF, Felipe Feijó.
“O papel das torcidas organizadas precisa ser debatido na sociedade bem como melhor esclarecido. O livro veio em boa hora para que juntos possamos mostrar que a torcida organizada traz muito mais benefícios. O Brasil é o país do futebol e da alegria e as torcidas organizadas seguem essa linha também. Precisamos tirar esse estigma de violência atrelado a elas”, afirmou o presidente da Anatorg, Luiz Claudio do Carmo.
“Parabenizo o Bispo Filho pela iniciativa. É um assunto que muito interessa à Polícia Militar. Acredito que todos nós podemos contribuir para que haja paz nos estádios e fora deles e assim, possamos reduzir essa rivalidade”, contou o chefe de eventos da PM, Tenente-Coronel Iraque.
“As torcidas organizadas são uma parte vibrante e fascinante da cultura brasileira, enriquecendo a vida de muitos e deixando uma marca indelével na sociedade. Elas podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento da identidade e pertencimento de seus membros. Com apoio e incentivo, podemos mudar essa realidade de violência e mostrar como pode ser transformador o papel da torcida organizada na sociedade”, disse Bispo Filho.
O livro está disponível para venda na plataforma/link https://josebispo.b2w.net.br e custa R$ 21,28. Bispo Filho é administrador de empresas e Presidente da Cooperativa Social de Ressocialização para Dependentes Químicos em Recuperação (Coredeq), que é registrada no Sistema OCB Alagoas, onde também é conselheiro administrativo.
Anatorg e torcidas organizadas
No último final de semana, o presidente da Anatorg, Luiz Claudio do Carmo, e Bispo Filho visitaram as sedes das torcidas organizadas em Maceió e Arapiraca. Durante os encontros, Luiz Claudio conversou com torcedores sobre temas como violência, a importância de diálogo com o poder público, racismo, homofobia, entre outros, e conheceu os trabalhos das organizações.


Leila Pereira não poupou palavras contra os organizados do Palmeiras (Foto: Alexandre Guariglia/Lance!)
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, concedeu entrevista coletiva para alguns jornalistas na tarde desta quarta-feira (11), na Academia de Futebol, e aproveitou para subir o tom contra a principal organizada do clube, a Mancha Verde. Sem citar o nome da entidade, a mandatária chegou a falar que esses torcedores são o "câncer do futebol brasileiro".
Nos últimos dias, tanto a sede do Verdão, quanto 40 lojas da Crefisa, patrocinadora alviverde, foram pichadas com palavras contra Leila e contra Anderson Barros, diretor de futebol. O episódio é mais um do entrevero entre as partes, que vem se acumulando desde o início da gestão, em 2022. Mas o momento parece ter inflamado a presidente, que não poupou palavras.
- "Pressão é normal, mas são inadimissíveis ato de vandalismo contra um parceiro que está há nove anos só colaborando com o clube. Não é tocando bumbo na porta da Academia que vou renovar com os atletas. Esses atos de vandalismos com a parceira que só colabrou com o Palmeiras, que na pandemia manteve o patrocínio e em momento algum suspendeu o pagamento. O torcedor organizado não torce pelo palmeiras, torce pela entidade deles. Se gostassem do Palmeiras, não vandalizariam muros do clube, não entendo a paixão que dizem ter. A Crefisa vai processar a torcida organizada civil e criminalmente, isso não vai ficar assim" - completou.
Em outro momento da entrevista coletiva, ao falar da possibilidade de contratar reforços e eles não aceitarem vir por conta de medo da violência, Leila Pereira voltou a atacar a organizada, os chamando inclusive de baderneiros.
- "O que eu não admito é atletas serem ameaçados, a presidente ser ameaçada. Isso não existe, é surreal. Isso desvaloriza o futebol brasileiro, não adianta vir SAF, Liga, porque o futebol brasileiro vai ficar sempre do jeito que está. Não estou tirando a minha responsabilidade, sou responsável por tudo, a decisão final é sempre minha. As autoridades olham para esse tipo de situação sem muita atenção. Estou aqui para a ajudar o Palmeiras, nos bons e nos maus momentos. Quando falo do torcedor, é dos organizados, não daqueles que eu encontro diariamente, que até me cobram, mas não com ameaça. Eu espero que as autoridades públicas tomem medidas drásticas contra esses baderneiros," destacou.
Por fim, quando falou da possibilidade de contar com Abel Ferreira em um hipotético segundo mandato (2025 a 2027), Leila Pereira voltou a lembrar do problema de violência, que poderia deixar o treinador com receio de continuar.
"Ele fica chateado com todo esse problema da violência. Ele tem mulher, tem filhas, e se isso chega na presidente, ele tem receio que chegue nele. São coisas insanas, orquestradas, querem destruir nossa gestão. Essa gente é o grande câncer do futebol brasileiro"- finalizou.

Estádio Rei Pelé- Foto: Divulgação/AFIA
Em resolução publicada nesta quinta-feira (10/08), a Federação Alagoana de Futebol (FAF) proíbe a presença das torcidas organizadas do Botafogo da Paraíba, no jogo do próximo domingo (13/08), contra o CSA, no estádio Rei Pelé, em Maceió. A partida é válida pela Série C.
A FAF justificou o impedimento das torcidas organizadas do Botafogo (PB), com base nas informações dadas pela Polícia Militar de Alagoas (PM-AL). "A resolução foi baseada em informações da Polícia Militar de Alagoas, que visa garantir a lei e a ordem, para que a partida tenha um bom andamento, além de preservar a segurança de todos os envolvidos," informa a Federação.
Haverá uma atenção especial para saber se há integrantes das torcidas Jovem e Fúria, ambas do time paraibano. Está proibida a entrada de quaisquer indumentárias e objetos (faixas, bandeiras, camisas, bonés, símbolos, calções, agasalhos, toucas, entre outros).
A CSA x Botafogo (PB) jogam às 16 horas e vale uma vaga no G8 para o time azulino, enquanto o Belo busca a classificação para a 2ª fase.
