Após Edmundo Gonzáles, opositor do governo venezuelano, deixar o país e se asilar na Espanha, o governo dos Estados Unidos impôs novas sanções a 16 aliados de Nicolás Maduro, incluindo os líderes do Conselho Nacional Eleitoral, do Tribunal Supremo de Justiça e da Assembleia Nacional, órgãos fiéis ao atual presidente.
Entre os alvos está Caryslia Rodríguez, presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela. Ela foi responsável por ler a decisão em que o Tribunal reconheceu a vitória de Maduro. Rodríguez afirmou que não houve fraude nas eleições e ordenou que as atas e boletins de urna não fossem divulgados.
O Departamento do Tesouro dos EUA aplicou sanções financeiras e restrições de visto aos aliados. Até agora, mais de 140 funcionários venezuelanos foram punidos. A Casa Branca afirmou: "Os EUA continuarão a responsabilizar quem minar a democracia na Venezuela".
O governo de Nicolás Maduro repudiou as sanções, que classificou como "medidas coercivas unilaterais e ilegais a um grupo de funcionários". A Venezuela trava um embate contra os Estados Unidos há anos e acusa o país de ser um dos responsáveis pela crise financeira que atinge milhões de venezuelanos por causa das barreiras econômicas propostas pelos norte-americanos.
O resultado eleitoral, considerado fraudulento pela oposição e grande parte da comunidade internacional, elevou o patamar de violência no país vizinho. Centenas de pessoas foram presas durante manifestações contrárias ao governo de Maduro.
Sua saída garante proteção, mas coloca em xeque a capacidade de continuação do processo de mediação, diante da ausência de um dos líderes da oposição na Venezuela.
Os opositores sustentam que Maduro perdeu as eleições e que as atas com os resultados definitivos não foram apresentadas.
Duas pessoas próximas à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foram presas e sete outras, incluindo a “braço direito” de Machado, têm mandados de prisão emitidos, segundo o informado nesta quarta-feira (20) pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab.
Os presos foram identificados por Saab como sendo o coordenador nacional do partido Vente Venezuela, Henry Alviarez, e a secretária política do partido, do qual Machado faz parte, Dignora Hernandez. O motivo para as detenções foi um “suposto envolvimento em conspirações planejadas e violência nas ruas”, de acordo com o procurador-geral.
Nos últimos três meses, quatro outros membros da campanha da líder de oposição foram presos sob acusações de conspiração e outros crimes.
“Venezuelanos, peço-lhes força e coragem nestes tempos difíceis. Hoje, mais do que nunca, precisamos estar unidos e firmes para continuar avançando em direção aos nossos objetivos”, afirmou María Corina Machado, no X. Tanto ela como o perfil do Vente Venezuela condenaram as prisões.
Em outubro de 2023, María Corina venceu a disputa para ser a nomeação da oposição, mas foi impedida de registrar sua candidatura. Os motivos foram seu apoio às sanções dos EUA e as acusações de corrupção que ela diz ser uma tentativa de impedir eleições livres e justas.
Nas pesquisas para as eleições presidenciais de julho, Machado está à frente de Maduro, com comas indicando que ela teria pelo menos 50% dos votos, enquanto o ditador teria aproximadamente 20%.
Desde a proibição de Machado como candidata, os Estados Unidos começaram a impor novas sanções ao país e alertaram que a permissão da flexibilização das sanções na área do petróleo expirasse em abril.
Apenas depois de Maduro assinar um acordo de garantias eleitorais com a oposição, ainda em 2023, foi que os EUA aliviaram as sanções.
Até o momento, não há sinal de que a proibição contra Machado será levantada na eleição de julho. Com isso, os partidos pediram que ela indicasse um substituto que possa se registrar antes do prazo final, dia 25 de março.
Uma das nomeadas por María Corina foi seu “braço direito”, Magalli Meda, que teve o mandado de prisão emitido.