Foto: montagem de fotos/divulgação

Denúncias de mau uso de recursos públicos estão levando prefeituras aos tribunais. O que ocorre é que os Municípios estão dispostos a pagar altos cachês a artistas para fazerem shows. Segundo o publicitário especialista em marketing político, Renato Pereira, esse tipo de evento tende a ser mais comum neste ano de eleições, porque ajuda a popularizar os gestores e dribla a lei eleitoral, que proíbe apresentações em eventos de campanha.

“Eles promovem o atual gestor debaixo de uma capa de estímulo ao comércio e turismo da cidade. Fora que aumentam a desigualdade de forças entre quem tem o controle da máquina e os demais opositores, já que se os outros candidatos realizassem um evento desse tipo, seriam punidos pela lei eleitoral”, afirma Pereira.

Apenas este ano, três apresentações foram alvo de batalhas judiciais, envolvendo apresentações dos cantores Alexandre Pires, Léo Santana e Gusttavo Lima. As apresentações estavam orçadas entre R$ 250 mil e R$ 1,3 milhão.

Casos específicos

O show de Léo Santana estava programado para acontecer em Embu das Artes (SP), em comemoração ao aniversário da cidade, no dia 18 de fevereiro. O evento ficou suspenso por dois dias e foi liberado apenas horas antes de começar, após recurso da prefeitura.

O então vereador Abidan Henrique (PSB) foi o responsável pelo pedido de cancelamento do show. O político foi cassado 12 dias após conseguir uma liminar na Justiça para embargar a apresentação. A cassação foi aprovada pela Câmara, por causa de outro episódio envolvendo contratação de artistas em 2023, quando ele chamou de “ratos” os vereadores que não queriam debater o problema.

Abidan Henrique denunciou à Justiça a falta de transparência e irregularidade na forma de pagamento de Léo Santana, que foi feito antes do show ocorrer.

Outro caso ocorreu em Três Rios (RJ), com o Ministério Público (MP) investigando se houve superfaturamento nos cachês pagos a artistas que cantaram no carnaval, como Cláudia Leitte, Alexandre Pires e Belo. Os cachês dos artistas giravam em torno de, respectivamente, R$ 500 mil, R$ 480 mil e R$ 250 mil.

“Pela impossibilidade de comprovação de tal denúncia antes do início do carnaval, não foi possível nenhuma medida para impedir a realização do evento, mas serão apuradas todas as despesas, sem exceções, ainda que a Câmara de Vereadores tenha aprovado tudo por unanimidade, como efetivamente o fez”, diz um trecho do comunicado enviado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Na Bahia, o MP do estado conseguiu a suspensão do show do cantor Gusttavo Lima na cidade de Campo Alegre de Lourdes, que aconteceria no dia 9 de fevereiro. Cerca de R$ 1,3 milhão seria desembolsado para pagar o cantor. A contratação do artista foi feita durante um período em que o Município decretou emergência por causa da seca na região, o que chamou a atenção do MP.

“No caso de Campo Alegre de Lourdes, identificamos uma ausência de políticas públicas essenciais nos mais variados setores e fomos taxativos em pedir a devolução integral dos valores do cachê para os cofres públicos”, disse a promotora Thays Rabelo, titular da ação.

Por fim, houve também a suspensão dos shows das duplas Fernando e Sorocaba, Jads e Jadson, e Antony e Gabriel, orçados em mais de R$ 500 mil, na cidade de Euclides da Cunha Paulista (SP). Os cachês tinham um valor igual ao orçamento de Cultura do Município.

“O intuito não é deixar a população sem entretenimento. Minha maior preocupação foi ver a situação da cidade, que tinha um déficit orçamentário e onde os direitos básicos da população, como saúde e educação, não eram respeitados. Os gastos de dinheiro público precisam ser razoáveis”, disse o promotor André Luengo.

Foto: reprodução

Na madrugada deste sábado (30), por volta das 00h30, uma pessoa, passageira do navio “MSC Preziosa”, caiu no mar. O incidente acabou ocasionando o cancelamento do show do cantor Alexandre Pires no cruzeiro “Réveillon em Alto Mar”, naquela mesma embarcação. O navio havia saído de Porto dos Santos, em São Paulo, e seguia para o Réveillon no Rio de Janeiro. Pires divulgou uma nota e lamentou o ocorrido.

“Meus sentimentos aos familiares e amigos da pessoa que caiu no mar, da varanda de sua cabine, durante o cruzeiro do MSC Preziosa”, disse o artista. “Em respeito à vítima e aos trabalhos de resgate, conversamos com a organização e chegamos ao consenso da não realização do show, que estava previsto para ter início à 1h”, declarou. Posteriormente, Alexandre Pires ainda se desculpou pelo cancelamento do show e pediu a compreensão de todos.

O hóspede caiu a aproximadamente 40 km da Ilha de Alcatrazes, em São Sebastião (SP).

A MSC informou que dois barcos de apoio procuraram a pessoa desaparecida, mas não a encontraram. “O incidente foi relatado imediatamente às autoridades competentes e a Guarda Costeira liberou o navio para prosseguir viagem”.

A Marinha também ajuda nas buscas.

Matheus Possebon (à direita) é empresário do cantor Alexandre Pires e foi preso pela Polícia Federal de Santos — Foto: Reprodução/Redes sociais

O empresário do cantor Alexandre Pires, Matheus Possebon, foi preso preventivamente pela Polícia Federal de Santos, no litoral de São Paulo, após desembarcar do cruzeiro temático do artista. Ele, outros empresários e garimpeiros são investigados por movimentarem R$ 250 milhões em transações com cassiterita, minério usado para a produção de tintas, plásticos e fungicida, e que foi extraído ilegalmente da Terra Indígena Yanomami.

Conforme apurado pelo g1, o cantor Alexandre Pires foi conduzido na manhã da segunda-feira (4) à sede da PF em Santos, ouvido e liberado. Ele é suspeito de ter recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada em um esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal.

Em nota, a Opus Entretenimento, que tem entre seus executivos Matheus Possebon, e é responsável pela gestão da carreira de Alexandre Pires, informou desconhecer qualquer atividade ilegal relacionada a funcionários e parceiros da empresa. Em relação ao pagodeiro, manifestou solidariedade ao artista e disse que segue "confiando em sua idoneidade e no completo esclarecimento dos fatos".

De acordo com a PF, foram cumpridos dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima. As ações foram realizadas em Boa Vista (RR), Mucajaí (RR), São Paulo, Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG) e Itapema (SC).

Houve mandados de busca e apreensão em Uberlândia e Itapema foram cumpridos em imóveis de Alexandre Pires.

A instituição policial também confirmou o sequestro de mais de R$ 130 milhões dos suspeitos, mas estes não foram nominados. Em relação a abordagem ao cantor Alexandre Pires e ao empresário, a reportagem apurou que não foram realizadas buscas dentro do navio de cruzeiros -- eles foram conduzidos após desembarcarem.

Operação Disco de Ouro

A operação é um desdobramento de uma ação da PF deflagrada em janeiro de 2022, quando foram apreendidas 30 toneladas de cassiterita extraída da Terra Indígena Yanomami. O minério estava no deposito da sede de uma empresa investigada e era preparado para remessa ao exterior.

O inquérito policial indica que o esquema seria voltado para a “lavagem” de cassiterita retirada ilegalmente da TIY, no qual o minério seria declarado como originário de um garimpo regular no Rio Tapajós, em Itaituba, no Pará, e supostamente transportado para Roraima para tratamento.

As investigações apontam que a dinâmica ocorreria apenas no papel, já que o minério seria originário do próprio estado de Roraima.

Segundo a PF, foram identificadas transações financeiras que relacionariam toda a cadeia produtiva do esquema, com a presença de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração e laranjas para encobrir movimentações fraudulentas.

 

 

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