
Khalil Al-Hayya, uma importante autoridade política do Hamas, em entrevista à Associated Press — Foto: Khalil Hamra/AP
Khalil Al-Hayya, uma alta autoridade política ligada ao Hamas, disse em uma entrevista à Associated Press que o grupo terrorista está disposto a se desarmar e impor uma trégua de 5 anos ou mais, se Israel concordar com a criação de um Estado Palestino independente.
A entrevista foi publicada nesta quinta-feira (25). Khalil Al-Hayya disse ainda que, nesse cenário, o Estado da Palestina seria estabelecido baseado nas "fronteiras pré-1967", ou antes da Guerra dos Seis Dias.
Apesar de a proposta do Hamas indicar uma concessão importante ao prometer desarmamento, é pouco provável que Israel considere aceitar uma negociação do tipo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já informou ser contrário à criação de um Estado Palestino.
Al-Hayya participou das negociações que garantiram um cessar-fogo temporário entre Israel e Hamas, além da troca de reféns, em novembro de 2023. À Associated Press, ele afirmou que o Hamas deseja aderir à Organização para a Libertação da Palestina — atualmente liderada pelos rivais do Fatah — e criar um governo unificado para a Faixa de gaza e Cisjordânia.
Em um cenário em que Israel aceitasse a criação da Palestina e devolvesse refugiados palestinos de acordo com resoluções internacionais, o líder político disse que a ala militar do Hamas se dissolveria.
Por outro lado, Al-Hayya não disse se a "Solução de Dois Estados" seria um ponto final no conflito ou se seria apenas um passo no objetivo declarado do grupo de destruir Israel.
A guerra entre Israel e o Hamas começou no dia 7 de outubro de 2023, após o grupo terrorista lançar um ataque e invadir o território israelense, resultando na morte de centenas de pessoas.

O ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Maliki - Foto: Fabrice Coffrini/AFP
O embaixador palestino na ONU pediu nesta quinta-feira (29) ao Conselho de Segurança que condenasse a morte de mais de 100 pessoas na Faixa de Gaza, depois de um episódio caótico durante uma operação de distribuição de alimentos no território. "O Conselho de Segurança deveria dizer basta", declarou Riyad Mansour aos jornalistas.
As forças israelenses abriram fogo contra palestinos que tentavam conseguir ajuda alimentar em uma confusão na qual, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo grupo islamista Hamas, 112 pessoas morreram e 760 ficaram feridas.
"Este massacre atroz é um testemunho de que, enquanto o Conselho de Segurança estiver paralisado e vetado, isso está ceifando a vida do povo palestino", afirmou.
Como um dos cinco membros permanentes do Conselho de 15 membros, os Estados Unidos dispõem de um direito de veto que, como maiores aliados de Israel, exerceram em três ocasiões até agora para impedir a aprovação de resoluções pedindo um cessar-fogo imediato no território palestino.
Mansour disse que se reuniu mais cedo nesta quinta-feira com a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
"Implorei-lhe que o Conselho de Segurança deve produzir um produto de condenação desta matança e punir os responsáveis por este massacre", contou.
Se o Conselho de Segurança tiver "coragem e determinação para impedir que estes massacres se repitam, o que precisamos é de um cessar-fogo", afirmou Mansour.
O Conselho de Segurança se reuniu em caráter de urgência na tarde desta quinta-feira, a portas fechadas, para tratar dos fatos ocorridos durante a manhã no norte de Gaza, a pedido da Argélia.
O incidente desta quinta se soma ao total de mortes de palestinos que, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, superou 30.000, a maioria mulheres e crianças.
A guerra começou em 7 de outubro com um ataque sem precedentes do Hamas que causou a morte de cerca de 1.160 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo números israelenses.
