O senador Renan Calheiros (MDB) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado e Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Diante do impasse sobre os rumos da CPI da Braskem no Senado, lideranças do MDB ligadas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL) buscam uma nova frente para investigar contratos da empresa com a prefeitura de Maceió e pressionam pela instalação de um colegiado na Câmara de Vereadores. A maioria da bancada municipal da legenda, no entanto, apoia o prefeito João Henrique Caldas (PL), aliado de Arthur Lira, e já se posicionou contra a instauração.

O movimento representa mais um capítulo da rivalidade entre Renan e o presidente da Câmara, que estará no palanque do prefeito no pleito deste ano.

Com sete assinaturas, o pedido para criar uma comissão para apurar eventuais irregularidades em contratos firmados pela empresa com a prefeitura de Maceió não teve adesão de cinco dos oito vereadores do MDB — a maior bancada do Legislativo municipal, que tem 25 parlamentares. São necessárias ao menos nove assinaturas para que o colegiado seja instaurado. Nesse caso, cabe ao presidente da Casa apenas publicar a criação da comissão.

Diante de insatisfação da ala de Renan Calheiros com a posição dos correligionários, o diretório municipal anunciou a perda de espaço do grupo divergente na executiva local da sigla.

— Os vereadores que não cumpriram o que ficou decidido pela executiva estão com as atividades partidárias suspensas. Não representam mais o MDB — afirmou o deputado federal Rafael Brito, presidente municipal da sigla.

O deputado acusa JHC de ter usado a aplicação de recursos de emendas parlamentares e nomeações a cargos na gestão municipal para atrair emedebistas para a base. Entre eles, está Chico Filho, que indicou o irmão Felipe Holanda para a secretaria adjunta de Gestão de Pessoas de JHC. Já o presidente da Casa, Galba Neto (MDB), indicou o secretário municipal de Meio Ambiente, Marcos Cavalcante.

Próximo a Renan Calheiros, Rafael Brito é tido como potencial pré-candidato do MDB em Maceió, e deve enfrentar JHC, que vai tentar a reeleição em outubro.

Rivais nas urnas

Interlocutores do prefeito afirmam que a movimentação do MDB pela comissão especial mostra a ingerência da sigla com a sua própria bancada. Na Câmara Municipal, parlamentares de oposição apontam que houve acordo entre integrantes da base, encampado por aliados do prefeito, para não assinar o pedido. JHC nega ter tratado do assunto com qualquer vereador.

— A maioria dos vereadores é da base. Nós, da oposição expressa, somos entre sete e oito — afirma Teca Nelma (PSD), autora do requerimento.

A vereadora diz buscar uma atuação coordenada com a CPI da Braskem, instaurada no Senado em dezembro, caso o colegiado saia do papel.

Ao GLOBO, JHC afirmou que a discussão de uma comissão especial neste momento se volta para interesses de olho no pleito de outubro:

— A grande motivação é que estamos em ano eleitoral, e esses factoides acabam sendo criados. O acontecimento foi em 2018. Por que levantar só agora? Eles tinham mandato ou ocupavam cargos públicos, e não tinha nenhuma manifestação.

A disputa em Maceió se nacionalizou diante do incômodo de aliados de Renan Calheiros no Congresso, mirando a redução de influência de Lira em Alagoas.

As desavenças históricas entre as famílias voltaram à tona no ano passado, quando o governo federal agiu para botar panos quentes na troca de farpas. Os atritos devem agora se intensificar com a disputa por prefeituras pelo estado. A estratégia de expandir a influência no território mira a campanha para uma cadeira no Senado em 2026, visada tanto por Lira quanto por Renan.

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