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Um estudo conduzido pela Fundação do Câncer e apresentado no 48° encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting (Grell) 2024, na Suíça, mostrou que o tabagismo é a causa de 80% das mortes por câncer de pulmão em homens e mulheres no Brasil. No mundo todo, estima-se que o uso direto do tabaco vitimiza mais de 7 milhões de pessoas.
Mas o cheiro do café pode ser uma solução para a diminuição do vício tabagista, segundo pesquisadores brasileiros do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor). A fragrância da bebida ativa uma região específica do cérebro, conhecida como um sistema de recompensas, incluindo a mesma estrutura cerebral ativada com substâncias psicoativas.
“O diferencial do projeto é utilizar a fragrância do café para redução do desejo pelo consumo de substâncias aditivas por usuários crônicos. É extremamente gratificante porque se trata de um projeto totalmente nacional que traz inovação em uma área que impacta tanto a saúde pública, quanto ambiental e social”, explicou a pesquisadora do Idor e diretora científica da startup de biotecnologia Café Consciência, Silvia Oigman.
60 fumantes participaram da pesquisa. Eles foram expostos às fragrâncias de grãos de café. Enquanto isso, outro grupo foi exposto às fragrâncias de sabão. O resultado foi que, no grupo que inalou o cheiro dos grãos de café, 50% voltaram a fumar, enquanto no que foi exposto ao do sabão, mais de 70% continuaram fumando.
“Nós queríamos entender se os participantes que foram expostos à fragrância do café fumariam menos do que os participantes que inalaram a fragrância neutra. Esse resultado animador nos motiva a dar continuidade ao desenvolvimento do dispositivo eletrônico que será utilizado em novo ensaio clínico”, disse Oigman. “Acredito muito no potencial de inovação do nosso trabalho. É uma forma não invasiva que consegue muita informação sobre a atividade cerebral do paciente”, declarou.
A pesquisadora ainda explicou que a perspectiva de um possível alvo terapêutico para diminuir ou cessar a adição por tabaco levou o grupo de pesquisadores a depositar patentes, inclusive nos EUA, na Europa e na China.
O objetivo final é desenvolver um dispositivo eletrônico que tenha uma formulação terapêutica, que será utilizada em novos testes clínicos.