A Venezuela ratificou a decisão de proibir as autorizações de sobrevoo das companhias aéreas argentinas sobre o seu espaço aéreo, segundo fontes com conhecimento do assunto consultadas pela CNN.
O governo da Argentina apresentou uma nota de protesto à Venezuela pela decisão, e anunciou que serão tomadas medidas correspondentes no âmbito da Organização da Aviação Civil Internacional por violação da Convenção sobre Aviação Civil Internacional (Convenção de Chicago, 1944).
Isso ocorre quase um mês depois que os Estados Unidos confiscaram um avião de carga Boeing da estatal venezuelana Emtrasur, que estava na Argentina e que havia sido vendido por uma companhia aérea iraniana sancionada, violando as leis federais de controle de exportação, de acordo com um comunicado do Departamento de Justiça dos EUA divulgado em 12 de fevereiro.
A decisão de proibir licenças de sobrevoo para empresas argentinas afeta rotas para o aeroporto JFK, em Nova York, para o aeroporto de Miami e para o aeroporto de Punta Cana, na República Dominicana.
O governo da Argentina afirmou que a decisão das autoridades venezuelanas de proibir aeronaves argentinas sobre o seu espaço aéreo é uma retaliação pelo confisco pelos Estados Unidos do avião da Emtrasur, caso ligado ao governo iraniano.
O chefe da diplomacia venezuelana, o ministro das Relações Exteriores Yván Gil, respondeu nesta terça-feira (12) ao porta-voz da Presidência argentina, o chamando de “cara do conselho” e descrevendo o governo argentino como “neonazista”.
“O senhor Manuel Adorni finge ignorar as consequências de seus atos de pirataria e roubo contra a Venezuela, que foram advertidos repetidamente antes do ato criminoso cometido contra a Emtrasur”, disse Gil em seu perfil oficial no X, antigo Twitter.
“A Venezuela exerce plena soberania em seu espaço aéreo, e reitera que nenhuma aeronave, proveniente ou com destino à Argentina, poderá sobrevoar nosso território, até que nossa empresa seja devidamente indenizada pelos danos causados, após as ações ilegais praticadas, somente com para agradar seus guardiões do norte”, concluiu.
Centenas de voos na Argentina, incluindo com destinos internacionais ou que chegariam ao país sul-americano, foram cancelados devido a uma greve por negociação salarial marcada para esta quarta-feira (28) por funcionários da empresa estatal Intercargo, que administra serviço de rampa, transferência de passageiros e de bagagens nos aeroportos do país.
A Latam confirmou à CNN que cancelou todas as suas operações de e para a Argentina desta quarta. A companhia ressaltou e que oferece as alternativas de alteração do voo ou reembolso para os passageiros.
A Gol também informou à reportagem que cancelou todos os seus voos de Buenos Aires, Córdoba e Rosário e que os passageiros poderão realizar alterações sem custos. A empresa também afirma que criou operações extras para a próxima quinta-feira (29), para atender os clientes afetados.
Já a companhia Aerolineas Argentina cancelou 331 voos de e para diferentes destinos, devido à medida de força adotada pelas organizações sindicais Associação de Pessoal Aeronáutico (APA), União do Pessoal Superior e Profissional de Empresas Aerocomerciais (UPSA) e Associação de Pilotos de Linhas Aéreas (APLA).
Segundo a empresa aérea estatal, a medida afetará 24 mil passageiros, sendo 3 mil de voos internacionais. A companhia pede que passageiros não compareçam ao aeroporto nesta quarta, “já que não haverá atendimento presencial do pessoal da companhia aérea”.
A orientação é que os clientes vejam as notificações por e-mail ou consultem a agência de viagem com que compraram a passagem.