Pela primeira vez, desde 1975 quando houve a criação do G7, formado por sete das maiores economias do mundo (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido ), um Papa estará presente em sua cúpula anual. A cúpula está acontecendo em Apúlia, na Itália.
Francisco foi especialmente convidado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, uma das principais lideranças da extrema direita europeia. O discurso do Papa é um dos mais aguardados e trará recados sobre um dos temas centrais da cúpula: os desafios da Inteligência Artificial.
O papa Francisco vê na IA um potencial de desenvolvimento para a Humanidade, mas também uma ameaça do ponto de vista ético. Como uma voz global da moralidade, ele é a pessoa que pode criar consciência entre os líderes globais sobre os riscos que a IA representa, por exemplo, em matéria de fake news, ou quando é usada por lideranças de extrema direita em campanhas eleitorais — explica o jornalista do La Repubblica.
O Papa e os líderes do G7 terão uma discussão inédita sobre o avanço de uma nova tecnologia sobre a qual o Vaticano não esconde seus temores. Francisco será o orador principal da sessão dedicada à IA, e para os que conhecem o pensamento do Papa sobre o tema, não são esperadas surpresas.
O Papa vem falando sobre essa preocupação de que o homem não se torne um algoritmo, essa é a questão principal. É uma grande revolução tecnológica e comportamental, e o Papa quer mais uma vez colocar o homem no centro dessa revolução. Que o homem seja sujeito e não objeto dessa revolução. Como se faz isso? Com ética, com valores do homem, da Humanidade — afirma Silvoney Protz, responsável pela edição em português da Radio do Vaticano.
E acrescenta:
— A partir do momento em que o homem deixa espaço para a máquina, e a máquina toma o espaço do homem, perdemos uma visão de futuro enorme. A tecnologia dever servir ao homem, e não o homem à tecnologia —.diz.
Segundo Protz, o Pontífice “fala em regulamentação não para proibir, mas para que as novas tecnologias sejam bem utilizadas”.
Em sua mensagem intitulada “Inteligência Artificial e Paz”, para celebrar o Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro deste ano, o Papa afirma que “a Inteligência Artificial deve ser entendida como uma galáxia de realidades diversas, e não podemos presumir a priori que o seu desenvolvimento traga um contributo benéfico para o futuro da Humanidade e para a paz entre os povos. O resultado positivo só será possível se nos demonstrarmos capazes de agir de maneira responsável e respeitar valores humanos fundamentais como ‘a inclusão, a transparência, a segurança, a equidade, a privacidade e a fiabilidade’”.