O ex-presidente argentino Alberto Fernández é acusado de agredir a ex-primeira dama Fabiola Yañez — Foto: Ng Han Guan/AP; Reprodução/Infobae
Fabiola Yañez, ex-primeira-dama da Argentina, testemunhou nesta terça-feira (13) durante quatro horas sobre as diversas denúncias que faz contra Alberto Fernández, ex-presidente argentino que governou o país vizinho entre os anos de 2019 e 2023.
Fernández é investigado por episódios diários de violência reprodutiva, institucional, verbal, física e doméstica, além de constantes traições. O político negas todas as acusações.
Depois de fortes imagens que mostram seu rosto machucado por agressões se tornarem públicas, Yañez entregou documentos e falou à Justiça argentina por videoconferência direto de Madri, na Espanha, onde mora desde que Alberto Fernández deixou a presidência.
No final do depoimento, a advogada de Yáñez, Mariana Gallego, disse à imprensa: "ela pôde testemunhar, sentiu-se muito bem, muito apoiada, muito acompanhada, pelo povo, pelo Ministério Público, pelo tribunal que está intervindo".
Os primeiros casos de violência física aconteceram em 2016. De lá para cá, segundo Yañez, em diversos momentos ela foi agredida, ameaçada e assediada. Ao descrever como eram as agressões físicas, ela disse, por exemplo, que em um desses episódios ele a agarrou violentamente pelo pescoço.
Em um dos casos mais graves, algumas fotos mostraram que, em 2022, ela teve o rosto marcado por hematomas resultantes de socos que o ex-presidente, ainda no cargo de presidente da Argentina, desferiu contra ela.
Fabiola Yañez revelou que Alberto Fernández a “empurrou para cometer um aborto” porque ele não estava pronto para ser pai. Este episódio é classificado como violência reprodutiva.
Violência reprodutiva é uma forma de violência de gênero em atos que limitam ou que coagem uma pessoa em relação à sua capacidade reprodutiva, afetando a sua autonomia sobre decisões fundamentais como de ter filhos ou não.
Segundo a ex-primeira dama, Fernández atacou-a dizendo que não poderia contar a ninguém que terei um filho.
“Assim, caí numa das mais graves formas de violência, a reprodutiva, já que, através das suas ações e das suas omissões (silêncio, abandono, desprezo e acusações) vulnerou a minha autoestima até destruir o meu livre direito reprodutivo, por meio de coação, levando-me a tomar a terrível decisão de abortar o meu filho, gerando-me, assim, graves danos psicológicos e emocionais até hoje", disse Yañez, segundo o jornal RFI.
Em entrevista para o jornal El País nesta terça-feira (13), Alberto Fernández falou pela primeira vez sobre as acusações. "Discutimos, mas nunca bati na Fabiola", afirmou, alegando que "alguém a encorajou a denunciá-lo" por motivações políticas.
Além disso, afirmou que os quatro anos de convivência foram cheios de brigas, mas diz não se lembrar do dia em que Yañez o repreendeu por ter batido nela.
Alberto Fernández garante que paga mensalmente à ex-mulher uma pensão alimentícia pelo filho que têm em comum. Ele disse que já foi agredido por ela em diversas ocasiões e que vai provar isso na justiça.
Fabiola Yañez, ex-primeira-dama da Argentina, aparece com hematomas pelo corpo após supostas agressões de Alberto Fernández
Reprodução/Infobae
Imagens divulgadas na quinta-feira (8) mostram a ex-primeira dama Fabiola Yañez, que denunciou o ex-presidente da Argentina, Alberto Fernández, por violência doméstica. Nas fotos, aparecem hematomas pelo corpo- após uma suposta agressão cometida pelo então marido.
O site de notícias argentino Infobae também divulgou as imagens de conversas em um aplicativo de mensagens, que revelam uma discussão entre Yañez e Fernández.
Nas capturas de tela divulgadas pelo site argentino, Yañez se queixa de estar sendo agredida há 3 dias seguidos, e Fernández responde pedindo que a discussão acabe porque está se sentindo mal e com dificuldades para respirar.
Alberto Fernández, que esteve à frente da Presidência da Argentina entre 2019 e 2023, foi denunciado de cometer agressão física por sua esposa Fabiola Yañez, que participou de uma videoconferência com o juiz federal Julián Ercolini nesta semana.
Segundo o jornal argentino Clarín, algumas agressões teriam acontecido durante a gravidez de seu filho Francisco, em 2022, quando Fernández ainda era presidente do país.