Foto: Reprodução/EPTV

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta quinta-feira (3) que ao menos 222 cavalos morreram em todo o Brasil após consumirem a ração Forrage Horse, fabricada pela empresa Nutratta Nutrição Animal. Outros 195 óbitos seguem sob investigação, sendo 65 deles apenas no município de Atalaia (AL). Casos foram registrados em São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Goiás e Minas Gerais, com dados extraoficiais apontando 287 mortes só no estado paulista, além de 368 animais ainda em tratamento.

A venda de produtos da Nutratta foi suspensa em todo o território nacional por decisão do governo federal, após a identificação de irregularidades durante inspeções na fábrica. A empresa, por sua vez, recorreu à Justiça para tentar reverter as medidas. O Ministério da Agricultura e Pecuária aguarda decisão judicial sobre o caso.

Segundo o ministério, as mortes estão associadas ao consumo das rações da Nutratta e à presença da substância tóxica monocrotalina, encontrada em crotolárias — plantas usadas na cobertura de solos, mas altamente venenosas para animais. A substância ataca principalmente o fígado dos equinos, podendo causar falência hepática, problemas nos rins, úlceras e danos neurológicos. Os primeiros sintomas surgem, em média, três a quatro meses após o consumo, o que tem dificultado o avanço das investigações.

Entre as irregularidades constatadas na fábrica da Nutratta estão: uso de ingredientes não autorizados, como resíduo de soja; falhas no controle e rastreabilidade da produção; e falta de separação adequada entre matérias-primas nos silos. Para o Mapa, as falhas são tão graves que inviabilizam a segregação segura dos lotes e produtos por espécie.

O ministério reforçou o pedido para que criadores e tutores de animais que tenham adquirido rações da marca denunciem eventuais casos de adoecimento por meio da ouvidoria oficial. A pasta também determinou o recolhimento de todos os produtos da Nutratta destinados a equídeos desde 17 de junho.

A tragédia com os animais gerou forte mobilização no setor agropecuário e acendeu um alerta sobre os riscos da contaminação na alimentação animal. As investigações prosseguem em diversas regiões do país, e o Mapa reafirma seu compromisso com a proteção da saúde animal e com a segurança na cadeia de produção agropecuária.