Criança em escola da China - Jerry Wang/Unsplash

A China revogou a controversa política do filho único, que vigorou de 1985 a 2015, impondo duras penalidades aos casais por ter um segundo filho. Desde então, Pequim gradualmente retirou os limites de nascimento de um para dois filhos e, em 2021, para três- em uma tentativa de conter uma iminente crise demográfica.

As regras do filho único foram revogadas, mas as feridas do passado ainda lançam longas sombras. Uma nova geração de mulheres, assombradas pelas lutas de seus pais e pelos próprios sacrifícios que fizeram como crianças sob a política do filho único, agora encaram a maternidade com relutância – tornando a atual campanha pró-nascimento de Pequim difícil de vender.

Ao longo dos 30 anos da política do filho único na China, estima-se que 20 milhões de meninas “desapareceram” devido a abortos seletivos por gênero ou infanticídio, de acordo com Li Shuzhuo, diretor do Centro de Pesquisa de População e Política Social da Universidade Jiaotong de Xi’an, na China.

Essa variante da “política de um filho e meio”, introduzida em 1984, reforçou a preferência tradicional chinesa por filhos homens, ao sugerir que meninas valiam “metade” do que meninos, como observado em um importante estudo acadêmico chinês publicado no ano passado.

Desde a mudança para uma política de três filhos em 2021, Pequim tem realizado campanhas nacionais para fomentar uma “cultura pró-nascimento. Cartazes e slogans que antes alertavam sobre os perigos de ter mais de um filho foram substituídos por mensagens incentivando mais nascimentos. Governos locais implementaram uma série de incentivos políticos, desde doações em dinheiro, subsídios imobiliários e até a extensão da licença-maternidade.

Mas o Governo Chinês vem encontrando resistências.