Foto: Reprodução/Tv Globo

O haitiano Jean Poncey, que mora em São Paulo e está há mais de oito anos sem encontrar com os filhos e a esposa, contratou uma agência de viagens para regularizar o pedido de visto da família que estão no Haiti e quer vir morar com ele no Brasil.

Além da parte burocrática, a empresa deveria fornecer também as passagens áreas. Eles chegaram a enviar um bilhete, mas cancelaram o voo que nunca mais foi remarcado. No total, Jean desembolsou R$ 42 mil pelo serviço que acabou não sendo realizado.

“Eu gastei muito dinheiro para trazer minha família ao Brasil, mas eles não vieram. Eu já gastei R$ 42 mil e não recebi ninguém até agora”.

Os depósitos foram feitos em dinheiro. Jean conta que conseguiu a quantia por meio de um empréstimo no banco e com um amigo.

“Eu peguei dinheiro no banco e um amigo meu emprestou também. Agora, estou trabalhando para pagar o banco e um amigo meu”.

Ele compartilhou com a equipe o bilhete eletrônico que recebeu da agência de viagens com o nome “God Is Good Agência de Viagens e Turismo”.

A empresa enviou para o Jean uma decisão liminar judicial para mostrar que o pedido de reunião familiar foi aceito e, por isso, ele poderia comprar as passagens áreas. O documento é falso e usa o nome de um advogado,que informou que nunca fez esse documento para o Jean.

“Na verdade, eu não o conheço, porém, essa questão de utilização de decisões judiciais do qual eu sou procurador não é uma situação nova. Infelizmente, no início do ano passado, algumas agências se utilizaram de decisões favoráveis pelo meu escritório e fizeram falsificações de maneira grosseira, inclusive, infelizmente essa pessoa que te procurou “, destaca o advogado João Mondim.

O dono da agência que deu golpe no Jean é haitiano. Evens lagredelle já deu golpe em outras pessoas e tem três processos na Justiça. Ao todo, são 10 pessoas que pagaram a ele na esperança de trazerem suas famílias para o Brasil, mas ele sumiu, sem cumprir sua parte no acordo.

Apesar de ter tomado um golpe e perdido mais de R$ 42 mil, Jean ainda busca trazer a família para o Brasil. Mesmo depois dos contratempos, ele conseguiu fazer o pedido de visto de revisão familiar que foi aceito pelo Ministério das Relações Exteriores, mas a família ainda aguarda ser chamada pela embaixada do Brasil no Haiti.

Em nota, o Itamaraty diz que desde abril de 2023, quando a portaria entrou em vigor, foram aprovadas 11 mil solicitações de vistos por reunião familiar. Além disso, o órgão afirma que a embaixada em Porto Príncipe enfrenta dificuldades relacionadas à situação do país, como precariedade no acesso ao próprio escritório, a formulários eletrônicos e aos próprios interessados. Por esse motivo, não é possível estipular um tempo médio de espera para as famílias que estão no aguardo.

Enquanto isso, Jean segue morando sozinho em uma casa no bairro de São Miguel, na Zona Leste de São Paulo.