Neste sábado (22), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, confirmou que solicitou a exoneração do diretor de Operações e Abastecimento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thiago José dos Santos. A decisão foi tomada em comum acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e ocorre depois da polêmica envolvendo irregularidades no leilão do arroz.
Thiago foi assessor do ex-deputado federal Neri Geller, que foi demitido da Secretaria de Política Agricultura do Ministério da Agricultura depois que foi descoberto que seu ex-assessor e sócio, Robson França, atuou como corretor no leilão posteriormente anulado.
França trabalhou no gabinete de Geller junto a Thiago dos Santos.
Em um leilão realizado hoje (6), o governo brasileiro comprou 263 mil toneladas de arroz importado, informou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A compra foi realizada por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores de arroz do país. Cada saco de 5kg foi adquirido por R$ 25 e será repassado ao consumidor final por R$ 20.
“Não tem arroz no mercado no mundo nos preços que estavam sendo praticados no Brasil depois da enchente no Rio Grande do Sul e nem os produtores estavam recebendo por isso. Era pura especulação”, disse Fávaro. “Não pode um saco de arroz custar R$ 38, R$ 40. O mundo está oferecendo para o Brasil por R$ 25. A prova está aí, agora no leilão”, afirmou.
Embora a justiça federal de Porto Alegre tenha considerado “prematuro” realizar o leilão, alegando que a produção nacional seria suficiente, o Tribunal Regional Federal (TRF-4) entendeu que é “difícil estimar o tamanho dos estragos” causados pelas enchentes nas lavouras.
Deputados da oposição informaram à CNN que estão preparando um novo recurso ainda nesta quinta-feira, com o objetivo de anular todos os processos licitatórios de compra de arroz importado.
A quantidade máxima de arroz que pode ser comprada por pessoa foi limitada em alguns estabelecimentos comerciais de Alagoas, como nas redes Unicompra, Atacadão e Palato. O motivo é a possibilidade de desabastecimento do produto, que é mais produzido no Rio Grande do Sul, cujas lavouras foram afetadas pelas enchentes. Ao todo, 70% do arroz brasileiro é produzido em terras gaúchas.
A Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA) disse que ainda é cedo para mensurar o impacto da tragédia no Rio Grande do Sul e suas consequências para o abastecimento de alimentos em Alagoas. Mesmo assim, o presidente da ASA, Raimundo Barreto, pediu para que seja adotado um consumo consciente e que ninguém faça estoque dos produtos.
“Acredito que hoje tem muita especulação também. É só uma questão de precaução, para não desabastecer a população de modo geral. É cedo ainda, muito cedo para a gente ter uma posição. Ainda é muito cedo para dizer como vai ficar o abastecimento. Vamos aguardar também”, disse Barreto.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil vai importar cerca de um milhão de toneladas de arroz da Tailândia, para que a quantidade do produto disponível seja regularizada e os preços sejam estabilizados.
Como problemas que levaram à decisão, Fávaro apontou a perda na lavoura, em armazéns que foram alagados e na dificuldade para escoar o produto, uma vez que as rodovias estão interditadas.
De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Produtores de Arroz (Federarroz), Alexandre Velho, as enchentes trouxeram dificuldades na colheita, mas não faltará arroz nas prateleiras dos supermercados. “Não temos problemas com relação ao abastecimento do mercado interno”, afirmou. “Não existe qualquer problema com relação ao abastecimento ou uma necessidade urgente de importação.
Velho ainda disse que o Brasil é um grande produtor de arroz e que a área aumentou no Rio Grande do Sul e em outros estados produtores.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) afirmou que os estoques e as operações de abastecimento estão normalizados, mas que vai solicitar ao governo a abertura de importações para completar o abastecimento da população.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou, nesta quinta-feira (9), que vai enviar para apreciação da Câmara dos Deputados, uma Medida Provisória (MP) que prevê importação do arroz de países sul-americanos para o Brasil.
De acordo com Lula, o produto deve ser importado da Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina e o objetivo da iniciativa é baratear o preço do arroz no país. A declaração foi feita em São José da Tapera, onde o presidente assinou a autorização para as obras da quinta etapa do Canal do Sertão.
O governo Federal informou que, em breve, deve autorizar, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a compra de 1 milhão de toneladas de arroz para o mercado interno brasileiro, uma vez que os desastres no Rio Grande do Sul comprometeram parte da produção que viria para o mercado interno.