Julia Micaelly | Imagem: reprodução
A jovem maranhense Julia Micaelly Ribeiro Carvalho (19) relatou, em suas redes sociais, alguns acontecimentos bastante incomuns, especialmente para alguém de sua idade: ela passou pela puberdade aos quatro anos de idade e, aos 16, teve uma menopausa precoce. Apesar do que pode parecer, os fatos não estão conectados.
A puberdade precoce ocorreu por questões genéticas, fazendo Julia ter os ovários funcionando antes da adolescência. Segundo relatado por Julia, ainda quando criança ela notava as diferenças entre seu corpo e o das outras crianças. “Eu tomava banho separada das outras porque já sentia vergonha”, disse a jovem à CNN.
A ginecologista Natacha Machado explicou sobre os fatores genéticos influenciarem na puberdade em tão tenra idade: “Quando há alguma síndrome e/ou alteração cromossômica, e histórico familiar (mães, irmãs, tias com puberdade precoce) pode ser um indício de que isso vai acontecer”.
No caso de Julia, essa herança veio por parte da família paterna.
O ginecologista Luciano Curuci alertou que é preciso que, nesses casos, é preciso haver a avaliação com um pediatra e com um ginecologista infanto, para que sejam vistas as dosagens hormonais da criança. Isso ajuda a afastar até tumores.
“A puberdade precoce não começa a dar sinais com muita antecedência, então aquela criança que começa a ter mais ‘cheirinho’ embaixo do braço, começam a aparecer pelos, começa a ter um comportamento mais irritadiço, secreção vaginal que aparece na calcinha, são indícios de que a função ovariana está sendo despertada”, explicou Machado.
A menopausa da maranhense foi desencadeada após seus ovários terem se rompido, aos 14 anos. Para ter a vida salva, a adolescente precisou ter suas glândulas reprodutivas retiradas. Dois anos depois, por ter deixado de ovular, o período da menopausa começou. Até hoje, o rompimento dos ovários não foi explicado.
“A gente não sabe o motivo até hoje, foi um cisto hemorrágico, mas a gente não sabe porque ele foi agressivo e silencioso. O começo é horrível, é muito bruto. Eu fiquei depressiva, não queria sair de casa, chorava e ficava muito irritada, por conta de desequilíbrio hormonal. Foi difícil para mim e minha família”, contou Julia.
Normalmente, as menopausas ocorrem apenas em mulheres que já têm 40 anos ou mais. Apesar do caso da maranhense ter ocorrido por questões cirúrgicas, é possível ocorrer uma menopausa precoce por fatores genéticos.
Entre os sintomas de uma menopausa precoce é possível citar o calor; a atrofia da pele, causando um ressecamento da região; ressecamento da mucosa vaginal, que pode trazer dor na relação sexual, comumente chamada de dispareunia; infecções urinárias; queda de cabelo; unhas enfraquecidas; cansaço; insônia; irritabilidade; alterações de humor que vão desde ansiedade até a depressão; alteração da memória; mudanças de foco; de concentração; olhos secos; diminuição da libido; e osteoporose.
Apesar de já estar conformada com o que lhe ocorreu, Julia contou que sentiu frustração, porque sempre teve vontade de ser mãe e gerar uma criança. ““Ser infértil de um dia para o outro foi muito chocante. Eu dei muito trabalho, fui para a terapia, emocionalmente foi a pior parte. Eu não entendia porque isso tinha acontecido comigo. Não achava ninguém que tinha passado pelo mesmo”, contou.