Vítima de dengue neurológica, jovem fica paraplégica, respira por aparelhos, mas faz faculdade

Por: Pedro Ivon com Folha de S. Paulo
 / Publicado em 08/02/2024

Polyana Matias | Foto: reprodução/Metrópoles

Cegueira, perda dos movimentos do corpo, respiração com a ajuda de aparelhos e uso de sonda para se alimentar: essas são as sequelas do caso de dengue pelo qual passou Polyana Matias de Sousa (19). Quando teve a doença, em 2019, a jovem apresentou sintomas clássicos, que com o tempo evoluíram e passaram a causar problemas neurológicos.

No início, apenas com dor na cabeça, no corpo e apresentando febre, Polyana foi cuidada por sua mãe, Elisângela Maria Matias Correa, que é enfermeira. Contudo, ao ver que os sintomas estavam ficando mais graves, com sua filha apresentando vômito, dor de barriga e confusão mental, a mulher resolveu levar a jovem até a emergência de um hospital particular de Divinópolis (MG).

Na unidade, segundo Elisângela, um médico disse que era um caso de dengue clássica e chegou a falar que Polyana estava com “frescura de adolescente” porque havia brigado com o namorado. “Mas eu sabia que aquele sintoma de confusão mental podia significar um problema neurológico e insisti para que ela fosse examinada por um neurologista”, disse a mãe.

A adolescente passou por uma tomografia e, enquanto aguardava o resultado, começou a ter convulsões. Mesmo medicada, não houve melhora e ela precisou ser entubada e induzida ao coma, para que os médicos conseguissem controlar as crises convulsivas.

Polyana ficou 11 meses internada, sendo sete em coma. Quando estava com apenas três meses de internação, os médicos disseram que a jovem não acordaria do coma. Com isso, iniciaram os procedimentos de morte encefálica. 

“Mas, nesse dia, ela teve novas convulsões e voltou a ter atividade cerebral”, contou Elisângela.

Apesar de tudo, estudando

De acordo com a família da paciente, a dengue atingiu seu sistema cerebral, causando danos irreversíveis e deixando-a na situação em que se encontra hoje em dia. Esse tipo de evolução da doença, chamada de “dengue neurológica” ocorre apenas entre 1% e 5% dos casos, segundo estudos.

Apesar disso, Polyana é consciente e faz faculdade, estando já no segundo semestre da faculdade de nutrição.

“A comunicação dela é com auxílio nosso. A audição é perfeita, vamos falando as letras e ela vai piscando, assim, formamos as palavras e frases que ela quer dizer”, explicou a mãe.

Sobre a dengue neurológica

A dengue neurológica pode apresentar os sintomas comuns da doença, mas também quadros de sonolência, confusão mental, desorientação, irritabilidade e diminuição da força dos membros inferiores e paralisia nos membros e no rosto. Caso ocorram prejuízos neurológicos, eles podem ser graves e, muitas vezes, irreversíveis.

“Quando os sinais de inflamação neurológica aparecem é porque essa inflamação já está grave”, explica o neurologista do Hospital Santa Catarina, Maurício Hoshino. “Os primeiros sinais como sonolência, por exemplo, podem passar despercebidos no primeiro atendimento. Por isso, sempre falo para as pessoas estarem atentas a todos os sintomas e relatar aos médicos. E os profissionais de saúde também devem ter essa atenção a mais com os pacientes de dengue”, continua.

O vírus da dengue tem quatro sorotipos diferentes, mas até o momento os problemas neurológicos foram identificados apenas nos tipos 2 e 3.

“A infecção pelo vírus da dengue normalmente não ataca o sistema nervoso, mas pode acontecer de ela conseguir quebrar a barreira de defesa desse sistema e atingi-lo”, diz o neurologista do Hospital Badim, Yuri Macedo. “Essa quebra acontece devido a algum ‘defeito’ nessas células de defesa, como uma doença autoimune, por exemplo”.

Algumas comorbidades podem deixar as vítimas de dengue mais suscetíveis a terem esses tipos de problemas.

“Pessoas com baixa imunidade e doenças autoimunes podem ser mais propensas a esses agravamentos justamente por terem a imunidade comprometida”, conta Hoshino.

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