Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) constatou que o plástico e o revestimento metálico do glitter, costumeiramente usado em fantasias e maquiagem carnavalescas, contaminam rios e oceanos, prejudicando o crescimento da elódea, uma planta aquática. Isso ocorre porque o revestimento reduz a penetração de luz na água, diminuindo as taxas de fotossíntese da planta.
Como consequência disso, organismos que compõem a base da cadeia alimentar podem ser impactados. O estudo teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
“Nesse experimento, observamos especificamente a interferência física do glitter em uma espécie macrófita, mas já há outras referências mais conhecidas na literatura científica sobre a contaminação da água e o consumo dessas partículas por diversos outros organismos aquáticos”, disse uma das integrantes do Laboratório de Bioensaios e Modelagem Matemática do Departamento de Hidrobiologia da UFSCar, Marcela Bianchessi da Cunha-Santino.
Como o glitter chega aos rios e oceanos?
O glitter chega aos rios e oceanos porque são pequenos e acabam não sendo filtrados pelos sistemas tradicionais de tratamento de água. Com isso, a comunidade científica o tem tratado como poluente emergente.
Como foi feita a pesquisa?
Para a realização da pesquisa, foram feitos ensaios em laboratório, envolvendo 400 unidades da elódea, aclimatadas em água do reservatório localizado na UFSCar. Para o experimento, os pesquisadores utilizaram glitter comum, com área de superfície média de 0,14 mm quadrados.
Ao todo, quatro combinações foram testadas:
A análise das taxas fotossintéticas de cada grupo foi feita através do método “frasco claro e escuro”, desenvolvido em 1927 e amplamente aplicado nesse tipo de estudo.
Como resultado, as taxas fotossintéticas de elódea foram 1,54x maiores na ausência do glitter.
“Essas descobertas apoiam a hipótese inicial de que a fotossíntese sofreria potencial interferência do glitter, possivelmente devido à reflexão da luz pela superfície do metal presente nesses microplásticos”, disse a primeira autora do trabalho, Luana Lume Yoshida.