Glitter usado em fantasias e maquiagem de carnaval pode contaminar rios e oceanos, aponta estudo

Por: Pedro Ivon com CNN Brasil
 / Publicado em 11/02/2024

Foto: GettyImages

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) constatou que o plástico e o revestimento metálico do glitter, costumeiramente usado em fantasias e maquiagem carnavalescas, contaminam rios e oceanos, prejudicando o crescimento da elódea, uma planta aquática. Isso ocorre porque o revestimento reduz a penetração de luz na água, diminuindo as taxas de fotossíntese da planta.

Como consequência disso, organismos que compõem a base da cadeia alimentar podem ser impactados. O estudo teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Nesse experimento, observamos especificamente a interferência física do glitter em uma espécie macrófita, mas já há outras referências mais conhecidas na literatura científica sobre a contaminação da água e o consumo dessas partículas por diversos outros organismos aquáticos”, disse uma das integrantes do Laboratório de Bioensaios e Modelagem Matemática do Departamento de Hidrobiologia da UFSCar, Marcela Bianchessi da Cunha-Santino.

Como o glitter chega aos rios e oceanos?

O glitter chega aos rios e oceanos porque são pequenos e acabam não sendo filtrados pelos sistemas tradicionais de tratamento de água. Com isso, a comunidade científica o tem tratado como poluente emergente.

Como foi feita a pesquisa?

Para a realização da pesquisa, foram feitos ensaios em laboratório, envolvendo 400 unidades da elódea, aclimatadas em água do reservatório localizado na UFSCar. Para o experimento, os pesquisadores utilizaram glitter comum, com área de superfície média de 0,14 mm quadrados.

Ao todo, quatro combinações foram testadas:

  • Macrófitas (o tipo da planta aquática) na presença de glitter (com concentração de 0,04g/L), com e sem luz;
  • Macrófitas na ausência do material, com e sem luz.

A análise das taxas fotossintéticas de cada grupo foi feita através do método “frasco claro e escuro”, desenvolvido em 1927 e amplamente aplicado nesse tipo de estudo.

Como resultado, as taxas fotossintéticas de elódea foram 1,54x maiores na ausência do glitter.

“Essas descobertas apoiam a hipótese inicial de que a fotossíntese sofreria potencial interferência do glitter, possivelmente devido à reflexão da luz pela superfície do metal presente nesses microplásticos”, disse a primeira autora do trabalho, Luana Lume Yoshida.

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