Agência da Previdência Social | Agência Brasil
Aposentados e pensionistas do INSS denunciam ter sofrido descontos indevidos em seus benefícios muitos anos antes da operação que revelou um esquema bilionário de fraudes entre 2019 e 2024. Investigação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União aponta que entidades usavam cadastros falsos para aplicar cobranças mensais sem autorização dos beneficiários. O prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões.
Um dos atingidos é Odilon Guimarães, 74 anos, de Belo Horizonte. Ele afirma que notou os primeiros descontos em 2006, três anos após se aposentar por invalidez. Mesmo sem contratar crédito consignado, via em seu extrato débitos registrados como “consignação” e, depois, como “contribuição associativa”. Por 15 anos, 1% de seu benefício foi retirado mensalmente, totalizando mais de R$ 6,5 mil. Odilon só conseguiu cessar a cobrança em 2021, após inúmeros contatos frustrados com o INSS.
Além das mensalidades, a operação revelou casos de empréstimos consignados liberados sem solicitação. Maria da Glória, de Porto Alegre, afirma ter tido 41 renegociações indevidas, além de quatro contratos ativos que nunca autorizou. O prejuízo da família supera R$ 160 mil.
O escândalo resultou na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e na saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi. O novo presidente, Gilberto Waller Júnior, prometeu apresentar um plano de ressarcimento até a próxima semana. Enquanto isso, o governo suspendeu todos os convênios do INSS com entidades associativas.
Os beneficiários podem consultar e cancelar cobranças indevidas pelo aplicativo Meu INSS, site gov.br ou pelo telefone 135. Também é possível bloquear novos descontos e registrar reclamações via Fala BR e consumidor.gov.br.