
Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados
Nesta segunda-feira (27), foi divulgado um áudio do deputado federal André Janones (Avante), onde ele diz que assessores da Câmara que estão lotados em seu gabinete iriam receber uma quantia a mais no salário, para que pudessem pagar as despesas pessoais de sua campanha. A fala foi gravada pelo jornalista Cefas Luiz, em fevereiro de 2019, quando o parlamentar foi eleito pela primeira vez. Na época, Luiz era assessor do deputado.
“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito”, disse Janones, sem saber que estava sendo gravado, na sala de reuniões do Avante, na Câmara dos Deputados.
A prática, conhecida como “rachadinha”, configura enriquecimento ilícito, dano ao patrimônio público e pode ser punida com a inelegibilidade, conforme o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na ocasião, Janones ainda tentou se justificar e alegou que perdeu R$ 675 mil em sua campanha para prefeito, em 2016. “‘Ah, isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é, porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, disse. Posteriormente, ele ainda falou que não seria justo os assessores permanecerem com 100% dos seus salários.
“Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou [sic] de 2016. Não é justo, entendeu?”, explicou.
Ouça o áudio a seguir.
Cefas disse que vai levar a gravação para a Polícia Federal (PF), assim como outras provas de supostas irregularidades que teriam ocorrido no mandato de Janones.
A assessoria do parlamentar informou que tinha conhecimento de que um ex-assessor havia gravado Janones, mas afirmou que os áudios são “tirados de contexto”. Na tarde desta segunda-feira (27), o próprio deputado federal respondeu às acusações. Confira a resposta a seguir, publicada em sua rede social X, antigo Twitter.
“Primeiro de tudo, eu quero dizer a vocês que eu estou quebrando a minha regra de não responder às fake news, como ensino no meu livro 'Janonismo Cultural' a não responder, por uma razão clara: respeito a vocês. Hoje saiu uma matéria, que está sendo espalhada pela extrema-direita, que me acusa de rachadinha, coisa que eu nunca fiz. Pra isso eles usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto e para tentar me imputar um crime que eu jamais cometi. Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na íntegra e não edições manipuladas, postada quase simultaneamente por todas as lideranças de extrema-direita”.
Posteriormente, ele disse que algo semelhante já havia ocorrido em 2022.
“Em 2022 já fizeram isso durante a campanha, também com áudios fora de contexto. Essas denúncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialidade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados”.
