Carcaça do carro usado pelo grupo humanitário World Central Kitchen, atingido por ataque mortal de Israel em Gaza — Foto: AFP
Israel assumiu, na terça-feira (2), a responsabilidade por um ataque a bomba que matou, na véspera, sete trabalhadores humanitários que distribuíam comida na Faixa de Gaza. Autoridades israelenses admitiram que foi um “erro grave” e prometeram investigar o caso.
A organização World Central Kitchen (WCK), do chef hispano-americano José Andrés, para a qual trabalhavam as vítimas do atentado, anunciou a suspensão de suas atividades no território palestino.
- Infelizmente, ontem (segunda-feira) ocorreu um incidente trágico, as nossas forças atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza - declarou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
- São coisas que acontecem numa guerra (…), estamos em contato com os governos e faremos todo o possível para evitar que volte a acontecer - acrescentou.
Por sua vez, o chefe das Forças de Defesa de Israel, general Herzi Halevi, reconheceu, nesta quarta-feira, que foi “um erro grave”.
- Foi um erro que ocorreu após um erro de identificação durante a noite, durante uma guerra, em condições muito complexas. Isto não deveria ter acontecido - acrescentou Halevi.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, conversou com José Andrés e “expressou sua profunda tristeza e sinceras desculpas pela trágica morte da equipe WCK”, afirmou a Presidência israelense, em comunicado.
'Completamente inaceitável'
As mortes dos trabalhadores geraram duras reações internacionais e apelos para investigar o que aconteceu e garantir que os responsáveis sejam responsabilizados.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse à Assembleia Geral que 196 trabalhadores humanitários já morreram na guerra em Gaza.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, exigiram uma investigação “rápida e imparcial” sobre o ocorrido, disse o secretário de Estado, Antony Blinken.
A Casa Branca disse estar “indignada” e indicou que enviaria “uma mensagem clara a Israel de que os trabalhadores humanitários devem ser protegidos”.
O governo britânico convocou o embaixador israelense para expressar a sua “condenação inequívoca” ao sucedido. Na Polônia, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrzej Szejna, disse que Israel deveria “compensar” as famílias das vítimas.